Porto d'Honra
Vivemos uma época de crise. Quando assim é, urge discutir, re-pensar e, se necessário, reformar, re-criar.
Crise da classe política, com sucessivos escândalos de corrupção à jorna ou, quando menos, com o lastro de um permanente smog de suspeita pairando cinzento no ar; crise da classe política, porquanto tarda em ver-se renovada – o poder, quando detido por extensos lapsos de tempo, corrompe – a geração política saída de Abril, tanto quantitativa como qualitativamente. Por outro lado, a frivolência com que é tratado o mandato de cada eleito pelo povo soberano, com constantes mudanças e suspensões de cargo ao sabor das conveniências pessoais – para já não falar da figura do político em part-time, v.g., o deputado –, quais sapinhos saltando de nenúfar em nenúfar, em nada contribui para a credibilização, junto do eleitorado, do eleito – eleitorado que, entretanto, já perdeu a fé em qualquer metanóia da elite política.
Mas esta crise política tem efeito multiplicador, observando-se um nexo de causalidade entre a mesma e a crise do próprio sistema, potenciada ainda por um ciclo económico pouco favorável, por uma crise de valores, por uma crise das e nas instituições. Nos últimos tempos, têm-se levantado vozes contra a forma de governo semi-presidencial, em tiques bem portugueses de ver a salvação na mudança formal e não substancial. A bipartidarização é apenas outro sofá, que de tão confortável faz invadir de sono quem por lá toma assento.
Ora, tudo isto concorre para minar, corroer a democracia, já queijo-suiçada (passe o neo-logismo). Para minar a própria República. Tem aqui papel fundamental o exercício da cidadania – é na discussão argumentativa, na análise de causas e efeitos, no aprofundamento das questões a partir do próprio cidadão e não no alheamento que a crise é ultrapassada.
Surge O Eleito – ideia de David Afonso, a qual aplaudo. Tem por objectivo «constituir-se como forum de debate sobre o passado, o presente e o futuro da República e dos seus protagonistas. O contexto em que surge não é alheio à proximidade das Eleições Presidenciais e um dos temas incontornáveis será o projecto político e a pessoa política de cada um dos candidatos. Contudo, é nosso desejo que o debate não se esgote nestas questões circunstanciais e queremos discutir sob todos os pontos de vista a ideia de República e a prática da República. Com esse intuito, convidámos vários blogues, de vários quadrantes políticos, desde da esquerda jacobina aos monárquicos inconformados».
Agradecemos a todos quantos aceitaram o nosso convite para escrever n’O Eleito e dele se tornarem comproprietários. Agora é hora de pousar os copos de Porto, e dar vida a este blogue.
Crise da classe política, com sucessivos escândalos de corrupção à jorna ou, quando menos, com o lastro de um permanente smog de suspeita pairando cinzento no ar; crise da classe política, porquanto tarda em ver-se renovada – o poder, quando detido por extensos lapsos de tempo, corrompe – a geração política saída de Abril, tanto quantitativa como qualitativamente. Por outro lado, a frivolência com que é tratado o mandato de cada eleito pelo povo soberano, com constantes mudanças e suspensões de cargo ao sabor das conveniências pessoais – para já não falar da figura do político em part-time, v.g., o deputado –, quais sapinhos saltando de nenúfar em nenúfar, em nada contribui para a credibilização, junto do eleitorado, do eleito – eleitorado que, entretanto, já perdeu a fé em qualquer metanóia da elite política.
Mas esta crise política tem efeito multiplicador, observando-se um nexo de causalidade entre a mesma e a crise do próprio sistema, potenciada ainda por um ciclo económico pouco favorável, por uma crise de valores, por uma crise das e nas instituições. Nos últimos tempos, têm-se levantado vozes contra a forma de governo semi-presidencial, em tiques bem portugueses de ver a salvação na mudança formal e não substancial. A bipartidarização é apenas outro sofá, que de tão confortável faz invadir de sono quem por lá toma assento.
Ora, tudo isto concorre para minar, corroer a democracia, já queijo-suiçada (passe o neo-logismo). Para minar a própria República. Tem aqui papel fundamental o exercício da cidadania – é na discussão argumentativa, na análise de causas e efeitos, no aprofundamento das questões a partir do próprio cidadão e não no alheamento que a crise é ultrapassada.
Surge O Eleito – ideia de David Afonso, a qual aplaudo. Tem por objectivo «constituir-se como forum de debate sobre o passado, o presente e o futuro da República e dos seus protagonistas. O contexto em que surge não é alheio à proximidade das Eleições Presidenciais e um dos temas incontornáveis será o projecto político e a pessoa política de cada um dos candidatos. Contudo, é nosso desejo que o debate não se esgote nestas questões circunstanciais e queremos discutir sob todos os pontos de vista a ideia de República e a prática da República. Com esse intuito, convidámos vários blogues, de vários quadrantes políticos, desde da esquerda jacobina aos monárquicos inconformados».
Agradecemos a todos quantos aceitaram o nosso convite para escrever n’O Eleito e dele se tornarem comproprietários. Agora é hora de pousar os copos de Porto, e dar vida a este blogue.
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