O Eleito

quinta-feira, dezembro 22, 2005

As Perguntas Sem Resposta II

Karloos, as perguntas continuam sem resposta.

Como certamente terá verificado eu não falei nas políticas do Professor (pelo menos nesse texto que refere) mas sim nas bastonadas que essas classes sociais levaram sob a governação de Cavaco.

Dirá que as políticas se mantiveram e em alguns casos foram agravadas para os que anteriormente foram bastonados, mas isso leva-me a uma conclusão bem mais gravosa.

Leva-me a concluir que a abordagem à contestação social obedece a estilos diferentes. E no tempo do Professor o estilo que eu critiquei atempadamente, continuo a criticar e cuja memória não me permite esquecer, era o estilo escada abaixo de bastão em punho e aviar todos os que estiverem pelo caminho.

Este país precisa muito de políticos que tenham a coragem de tomar as medidas necessárias ao benefício de todos, porque é essa a função do Estado.

Mas não quero, não preciso e não desejo carrascos.

14 Comments:

Blogger Carlos Guimarães Pinto said...

O que eu quis dizer com o meu post anterior foi que aqueles que se manifestavam de forma tão agressiva deixaram de o fazer. Nas mentes socialistas, a culpa é sempre da polícia...

12:21 da tarde  
Blogger José Raposo said...

Karloos, se a culpa é sempre da policia, então eu não sou socialista... É um pouco redutor dizer que os restantes que protestaram na ponte se calaram porque acabaram por concordar com as politicas de Cavaco. Não me parece que necessitassem de andar a cortar pontes, estradas e carris para reforçar a ideia de que estavam descontentes e fizeram reflectir esse descontentamento no voto.

1:34 da tarde  
Blogger Carlos Guimarães Pinto said...

"É um pouco redutor dizer que os restantes que protestaram na ponte se calaram porque acabaram por concordar com as politicas de Cavaco."
Pois, nisso tem razão. Calaram-se porque Cavaco foi-se embora. Porque estavam contra a pessoa e não as suas políticas.

"para reforçar a ideia de que estavam descontentes e fizeram reflectir esse descontentamento no voto."
Então, se dia 22 elegerem Cavaco suponho que isso quererá dizer que manifestam o seu contentamento, certo?
Se não estou em erro Cavco teve 45% dos votos nas presidenciais de há 10 anos atrás o que, terá que concordar, para quem sofria do desgaste de 10 anos de governo é muito muito bom. Numas eleições legislativas com o voto da esquerda a dispersar era bem capaz de ter dado para outra maioria absoluta....

1:42 da tarde  
Blogger Biranta said...

Eu só não sei é que TODOS são estes.
Porque, à excepção dos próprios políticos e seus compadres, cada um se sente excluído desse TODOS, quer nas pequenas quer nas grandes coisas; quer nos problemas que afectam cada um, pessoalmente, quer nos problemas e dramas colectivos...
Coisa estranha, esta! É assim, mais ou menos como o facto de, da acção dum grupo de pessoas muito dignas, muito boas, muito competentes, muito bem-intencionadas, muito tudo, resultar esta coisa, abjecta, em que vivemos, uma sociedade onde nada funciona como deve... fruto da incompetência, da desorganização, da falta de produtividade... Tudo culpa dos outros, é claro.
Porque, está visto, o bem de todos continua a ser prosseguido pelo mesmo estado de pândegos envolvidos em todas as nossas desgraças...
TODOS? Sei...
Meia dúzia que não poercebe nem quer perceber que, matando a galinha dos ovos d'ouro, acabará por se ver na mesma desgraça que nos impõe, agora!
Não há dúvida de que, para alguns, "the show must go on"!

1:42 da tarde  
Blogger José Raposo said...

Karloos, vai desculpar-me mas tem uma certa tendência a fazer umas extrapolações desnecessárias das afirmações das pessoas. Muitas vezes não existem interesses obscuros e teorias da conspiração em código nas entrelinhas. Claro que como democrata se porventura os Portugueses elegerem Cavaco no dia 22 isso reflecte o contetamento de uma maioria dos portugueses com o candidato Cavaco Silva nas eleições presidenciais de 2006.....

3:37 da tarde  
Blogger José Raposo said...

Desculpe lá mas essa de os portugueses estarem contra as pessoas mas a favor das politicas é de um lirismo que já não via há muito tempo... :)

3:39 da tarde  
Blogger Carlos Guimarães Pinto said...

Tem razão. Acho que os debates me fizeram mal :)

4:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Zé,

Só falta explicar mesmo...é porque acabou a contestação às propinas? e à portagem da ponte?...os polícias já fazem greves e têm sindicatos, e estão a transformar-se no novo lobby de pressão da administração pública!

O que eu não compreendo é: porque defendem políticos incompetentes??...Soares sempre foi um político incompetente...

Biranta, se exige: competência, responsabilização dos prevaricadores e qualidade nos políticos..o que a impede de votar e acreditar em Cavaco???
será que analisa os políticos disponíveis e critica-os de igual forma??..ou seja, será que acredita em alguém para além de si própria e dos que lhe são próximos???
Quando achamos (como você acha) tão veementemente que os políticos são umas "bestas"...só temos duas soluções: auto-propor-se ou apoiar alguém (mesmo que não elegível), senão fazemos o papel dos "velhos dos marretas"...e desses já temos muitos!

5:56 da tarde  
Blogger José Raposo said...

Paulo Damásio, tem de ser um pouco mais humilde se pretende ser levado a sério.

Eu e o meu amigo podemos ter opiniões diferentes sobre as pessoas que se candidatam a presidente, mas nunca me "ouviu" dizer (pelo menos com essa convicção)que algum deles era incompetente... até podem ter tido todos medidas incompetentes, mas daí concordar de forma absolutamente acrítíca que há um único culpado de todos os nossos problemas por oposição a outro quase divino que o ingrato povo português instrumentalizado pelos comunistas, não soube reconhecer, e que foi, é e será o mais competente dos politicos... parece-me profundamente ridiculo, redutor, triste e perigoso.

Aliás, presunção e àgua benta cada um toma a que quer... se o meu amigo e outros, consideram que tem todos os dados que lhe permitem dizer que algum dos candidatos é incompetente então sorte a sua que é uma pessoa muito bem informada... se não tem esses dados, algumas das suas afiramções poderiam ser perfeitamente ouvidas no mercado do bolhão pelo meio de uma sessão de beijos à peixeira que os politicos gostam de fazer tal é a credibilidade das afirmações.

Não me compete responder-lhe porque razão terminou a contestação porque o meu amigo só vê uma razão para ela ter terminado, que é os tontos dos portugueses que tiveram a audácia de contestar o professor, reconhecerem por fim que afinal se tratava de um visionário. E por isso mesmo não há nada que possamos discutir.

6:18 da tarde  
Blogger Mário Almeida said...

Caro José,

Qual seria a solução que defendias para desbloquear a ponte ?
Qual seria a solução que defendias para dispersar a manifestação dos polícias ?

Eu concordo que até se chegar ao bloqueio e à manifestação dos polícias faltou alguma coisa.
Eventualmente até as políticas podiam estar erradas. Eu acho que não, mas para efeitos de conversas vamos até partir do princípio que o aumento das portangens era absurdo.

Depois do bloqueio montado, o que é que um governo responsável pode fazer ?
Se não fosse tudo corrido à bastonada, era Lisboa quem ficava bloqueada. Achas razoável ?

Na manifestação dos polícias, se bem te lembras, os polícias estavam a manifestar-se armados. Não achas que um governo responsável só tinha que imediatamente e por todos os meios necessários acabar com aquilo.

Quanto à questão pessoas-políticas não me parece assim tão lírica.
Repara por exemplo que quando Manuel Alegre fala da pátria ninguem o acusa de fascista. Já se for o Paulo Portas ... Ó da guarda que lá vem o Salazar.

6:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Zé,

a questão da incompetência era para Biranta!...reconheço que tu não chamas incompetente a ninguém..pelo menos directamente.

Já a questão da contestação social não concordo. Tem muito de oportunismo político, daí não teres reposta para as minhas questões!..e a resposta que me irias dar passaria por eventuais questões acessórias não compreensíveis em termos de "combate de rua". Porquê?..porque se eu decido ir para a rua e dizer NÃO PAGO em 1993 ´....mas já não o faço em 1999...com as mesmas condições e ainda "inflacionadas"...não há argumentação que sustente isto!..é oportunismo político. São uma conjuntura de factores que permitem que as "forças defensoras dos direitos dos trabalhadores/povo/estudantes" saiam para a rua, não com o Zeca Afonso nos lábios, mas com o espectro de Cavaco nas órbitas.... e é isto que é denunciável!!!
Porque o "emprenhamento pelos ouvidos" é um dos nossos maiores males...porque tocamos nos cotovelos uns dos outros para nos mexermos em nome de algo que não procuramos compreender...só porque "é preciso"!!!!

Cansei-me do politicamente correcto...

Mas...em simultâneo...(e isto, para mim. não é nada contraditório)..sou daqueles que acredita nas pessoas!...com as suas virtudes ...mas também...e isto é essencial: com os seus defeitos!. Porquê? Porque não podemos achar que as pessoas políticas são de "outro planeta", mas, temos des lhe exigir os critérios que exigimos a quem nos presta algum serviço: qualidade, competência, responsabilidade...e por acréscimo da função: carisma, pragmatismo, visão estratégica, responsabilidade social, entre outras.

7:04 da tarde  
Blogger José Raposo said...

Mário,
Estou já em periodo de pausa natalicia mas ainda assim vou responder.

Quero começar por deixar claro que defendo intransegentemente a autoridade do Estado e para mais reconheço que esta anda pelas ruas da amargura e muito tem que se fazer mas com cabeça tronco e membros porque o discurso demagógico que "isto é tudo culpa dos imigrantes" não resolve nada... Agora o problema da ponte não têm a ver com o protesto em sim ou até com a intervenção policial em sim mas com a brutalidade associada a uma cobertura ao mais alto nível. Eu acho que a policia devia e tinha de intervir e se porventura o tivesse feito de forma adequada e não cargando indiscriminadamente e de forma selvagem sobre as pessoas que se encontravam na ponte de mãos nos bolsos à espera de uma solução, e talvez não tivessem chovido pedras e talvez não tivessem existido confrontos durante toda a noite no Pragal.

Mário, no fundo é como muito bem indica uma questão de prioridades. O que era importante naquele momento? Deter os responsáveis do bloqueio que durante todo o dia estiveram a dar entrevistas aos canais de televisão? Ou ocupar o espaço fisico dominado por esses mesmos bloqueadores e resolver a situação removendo os camiões? Infelizmente optou-se pela primeira e não só não foram detidos de imediato os responsáveis, como uma série de outros transeuntes foram agredidos e não foi mais possivel retirar os camiões sem se estar debaixo de uma chuva de pedras (neste país há sempre pedras em todo lado).

Em matéria de segurança isto é um absurdo e o que o governo de Cavaco consegue é tornar descontentes todos os milhares de pessoas que se encontravam bloqueadas e que até achavam aquilo uma palhaçada, para passarem a ser apoiantes do bloqueio e dos manifestantes.

É uma questão de estilo que para mim implica uma diferença total.

O caso dos policias é igualmente grave mas já me doem os dedos :) porque deriva de uma total surde de cavaco em relação a reivindicações justas destes profissionais que evidentemente não podem ser tratados como se de uma força militar se tratasse mas sim como uma força de segurança o que é bem diferente.

Só para terminar porque já me estou a exceder... Alegre não tem politicas... e Portas teve politicas de fachada :)

10:16 da tarde  
Blogger José Raposo said...

Paulo Damásio, o meu amigo sabe que não ter argumentos para lhe responder é mal de que eu não sofro.

No entanto peço-lhe que reveja os seus pontos de vista até porque não penso em termos combate de rua. E me parece estranho que as mesmas pessoas que em 93 "não pagavam" sejam as mesmas que em 99 tiveram o oportunismo politico de "pagar"... Não são de facto a mesmas pessoas.

Além disso até o seu candidato reconheceu que em 93 houve uma crise "prontamente ultrapassada" o que pode facilmente motivar as distintas opiniões de que o meu amigo fala.

10:50 da tarde  
Blogger Mário Almeida said...

Caro José,

Na ponte falas da forma. Mas repara, criticas a demora. Mas a demora não se deveu a tentar negociar a retirada pacificamente ?
Entrevistas ? Querias que fossem impedidos enquanto se tentava fazer a coisa bem ?
Por outro lado, eram precisas máquinas militares para desbloquear a ponte, pois eram as únicas que conseguiam rebocar um camião.

Na polícia, falas do mérito da manifestação. E eu não falei disso, porque estava a referir-me ao chamado autoritarismo e arrogância de Cavaco. Como é lógico, a diferença entre firmeza e autoritarismo nas políticas seguidas é uma linha muito ténue. E a separação das águas não pode ser uma manifestação ilegal dos contestatários.

Para terminar, e visto que já estás em treino, um bom Natal para ti e para os teus.

1:07 da manhã  

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