Contraditório
Só cheguei ontem e é por isso que só hoje venho usar o direito do contraditório a esta notícia, que fez capa do DE de dia 18:
A abstenção vale 10% dos eleitores: Pode ser verdade. No entanto, não podemos esquecer que a abstenção não existe só nas sondagens mas também no Domingo. E portanto nada nos diz que a abstenção que grassa nas sondagens não seja igual à que figurará nos resultados finais. Pelo contrário. Como diz Pedro Magalhães, esta não é, per si, fonte de erro, embora se deva considerar o problema da abstenção diferencial, que pode beneficiar/prejudicar um ou outro candidato. Não é também mentira, porém, que o estigma do "isto está tudo decidido" afecta muito mais os apoiantes do professor do que os dos restantes candidatos. Assim sendo, é bem provável que da tal abstenção saia um número minimamente proporcional entre os candidatos de reais votantes. E isto na pior das hipóteses para Cavaco.
Maioria dos indecisos está à esquerda: Não concordo em absoluto. Se há espaço ideológico que está bem representado nesta eleição é a esquerda. Temos candidatos para todos os gostos, desde os radicais aos moderados. Pelo contrário, o campo orfão é a Direita, com um único candidato, que até se afirma social democrata (não esquecer que a língua portuguesa é traiçoeira - social democracia é centro-esquerda), e que não tem conseguido, como se vê, entusiasmar muitas direitas, a começar, por exemplo, pelos meninos da Juventude Popular. Não acho que a divisão do PS seja um motivo que suplante este e que os socialistas sejam os tais indecisos. Todos os partidos têm facções. Se há candidatos de duas facções (e candidatos de peso), decerto cobrem de um modo ainda mais abrangente todas as posições.
Só as últimas sondagens reduzem a margem de erro: Está bem, e então? Esta foi um bocadinho rebuscada. Quer isto dizer que devemos esquecer todas as anteriores e centrarmo-nos apenas nesta? Então para que andaram a publicar as outras? Esta não percebi.
Em 2001, Sampaio teve menos 9,5% do que indicavam as sondagens: Tudo bem, mas foram eleições para o segundo mandato (que em Portugal se tem assemelhado a uma consagração), com apenas dois candidatos (o que aumenta a abstenção). Havia a consciência generalizada de que Sampaio estava eleito. A candidatura apoiada pelo PSD foi algo esquisito, até pela escolha do candidato. Muita gente ao telefone terá dito que votava Sampaio para no Domingo ficar em casa, pois estava feito. Não acho que tenha sido uma boa base de comparação. Dia 22 está em causa muito mais do que uma continuação. Está em jogo o rompimento do paradigma.
O melhor que poderia acontecer a Cavaco era aparecerem, nos últimos dias, umas sondagens a dizer que a vitória está em risco. Vai fazer todos correrem para as urnas (incluindo os do está feito e os outros) e votar no segunda quadrado, elegendo, à primeira, o Professor para Presidente. E elas aí estão. Num silogismo à Tiago Mendes, está ganho.
Tiago Alves
2 Comments:
Se cada um pudesse "decidir" pelos outros... talvez "isto" estivesse certinho.
Mas como eu escreveria coisas completamente diferentes e diversas... teríamos um grande sarilho...
A abstenção 10%? Ah Pois! Grande aldrabice! Há muito que a abstenção estabilizou acima dos 35% nas legislativas e acima dos 45% nas restantes eleições.
Acedendo às páginas de cada um dos Presidentes é fácil constatar isso.
Mas, de repente a abstenção vai baixar para 10%, só porque isso "dá jeito" a uns, para as suas contas. Tanta cretinice...
No domingo veremos!
Afinal eu é que posso "sossegar", porque também esta eleição já está ganha, há muito... o que demonstra a total ausência de "qualidade" dos candidatos.
Ah, a propósito, onde é que eu me posiciono (nessa da esquerda/direita)?
É que, como não tenho "compromissos" com ninguém, não se pode prever (nem sequer eu o faço) se, no domingo, não me dá "uma travadinha" e decido ir votar... só para vos baralhar as contas...
Quantos, destes 45% podem proceder assim? Vocês são capazes de prever? Eu não arrisco...
Quanto a previsão de resultados... só no fim do jogo!
Seja bem aparecido!
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