O Eleito

segunda-feira, novembro 21, 2005

Valorar A "Abstenção" Ou "O Voto Em Branco"?

Resposta a "TMA" e a "Asriel".
Meus amigos,
a meu ver, há uma confusão, relativamente ao "voto em branco" que me parece útil desfazer.
A minha proposta (não é exclusivamente minha, eu sei. Apenas é "minha" porque a formulação é de minha autoria...) fundamenta-se na observação da realidade, mas também e principalmente, no respeito absoluto pelas motivações das pessoas.
Ao invés, quem preconiza o voto em branco, pretende duas coisas:
(1) se submeter à lógica do sistema eleitoral actual (os votos brancos, "contam" a abstenção não), portanto: aceitar, não contestar adaptar as pessoas às regras, quando o que deve ser feito é o contrário;
(2) Ter "legitimidade" para orientar as opções alheias, requerer adesão às suas opiniões e, quiçá, avaliar e catalogar os outros em função dos seus próprios conceitos.
Daqui partiríamos para a criação de mais uma "elite": a daqueles que adoptam o "voto em branco".
Nada mais errado, nem mais pernicioso em democracia!
Em democracia, a meu ver, há que compreender e respeitar as motivações e opções dos cidadãos, que ir até às pessoas, como forma de se poderem mobilizar para resolver os problemas.
As motivações das pessoas para não votar são de diversa ordem. Mas a principal, a que é indesmentível e deve ser tida em conta e "valorada", é a noção da inutilidade do "esforço".
Idem para o "voto em branco", até porque se as eleições são para eleger, não se pode esperar que as pessoas se mobilizem para "não eleger"! Isso nunca aconteceu nem vai acontecer, por uma questão de "economia de esforços". Reparem no que se passou durante o Euro2004, com as bandeiras... Se queremos actuar sobre a realidade é preciso compreendê-la...
Porém, se o sistema consagrasse a importância da participação, muito mais pessoas votaria... se, é claro, os candidatos merecessem, o que não é o caso, actualmente.
O facto é que a situação do País (e do Mundo) tem-se degradado, contra os interesses, os desejos e a vontade dos cidadãos, mercê deste sistema anacrónico e vigarista.
Os resultados eleitorais assim determinados são falsos e vigaristas, perversos, porque permitem "legitimar a entrega do poder a gente que não presta"! "Que não presta" só se pode medir pela sua ausência de capacidade de liderança, de unir os cidadãos, de os mobilizar para vencer as dificuldades. Quem pretende ascender a cargos de liderança deve ser líder, o que não é o caso dos "nossos" actuais "eleitos".
Pelo facto de isto poder ser assim, como é agora, as máfias e os "traficantes de influências" podem se "entreter" a celindrar e destruir quem quer que seja que se destaque, pela positiva. Aliás, fazem-no "TODOS OS DIAS"!
Com a valoração da abstenção deixariam de poder fazê-lo, porque deixava de "compensar".
É esta inversão de valores e de critérios que tem de acabar, para que os problemas do Mundo se possam resolver...
Também defendo que, na ONU, quando se trate de decisões acerca de conflitos armados internacionais, as votações dos países devem ser suportadas pelo resultado de referendos internos, em vez dos famigerados "vetos". Se assim fosse, a actual guerra no Iraque nem teria começado, porque não teria o apoio de Portugal, nem de Espanha, nem da Inglaterra, nem... se calhar nem dos USA...
Só há uma forma de o Mundo se salvar: é reforçando a democracia. Para isso as regras a adoptar não podem impôr comportamentos às pessoas, mas respeitar as opções e decisões das pessoas, sem as excluir. Se se juntar a isto o facto de existirem soluçõespara todos os problemas e pessoas para as todos os cargos, fácil se torna perceber o quanto urgem estas alterações...
Inovar, meus amigos, INOVAR... também ao nível das regras a que estamos submetidos... Inovar adoptando uma lógica inversa das que têm sido usadas... Adoptando como critério fundamental os critérios e a legitimidade conferida por todos os cidadãos. Só os votos expressos legitimam; os "não votos" não podem nem devem legitimar... de nenhuma forma.

3 Comments:

Blogger tma said...

Antes de mais, agradeço ter lido o meu comentário, ao ponto de responder através de um novo post.
Estou totalmente de acordo que a democracia não deve excluir ninguém e que é a democracia que deve estar ao serviço das pessoas (e não o contrário).
Mas também é verdade que quem faz a democracia são as pessoas, ou seja, sendo o acto eleitoral (supostamente) um exercício de democracia, a meu ver a eleição (ou não) de deputados não deveria ser condicionada por quem, por indiferença, opta por não votar (para além de que há-de haver sempre quem, por motivos diversos, não possa votar e desse modo, nunca seria preenchida a totalidade dos lugares).
Mas isto é obviamente um ponto de vista, e não nenhum juizo de valor. Conheço pessoas que se manifestam indiferentes perante o acto eleitoral, mas não quero dizer que por isso sejam "menos" cidadãos que os outros, ou que seriam "mais" cidadãos se mostrassem mais interesse pelas eleições e votassem. Eu aprecio as pessoas pelas suas qualidades pessoais, não pelo facto de votarem ou não!
O ponto essencial, e nisso estou plenamente de acordo consigo, é que queremos que sejam os melhores a governar-nos, e não apenas os "menos maus"... E os melhores têm, necessariamente, que ser os mais responsáveis.
Não quero governantes que sejam "carne para canhão" dos partidos, que estejam no poder apenas para que as máquinas partidárias e quem detem o poder económico se possa servir deles, e que quando estiverem "gastos", sejam trocados como quem troca de camisa.
Apesar de isto ser um lugar comum, quero governantes que sirvam o país, e não governantes que se sirvam do país.
Como referiu, o problema é que os governantes não são responsabilizados pelo seu mau trabalho. E não só os governantes, em Portugal a mentalidade de que "a culpa é dos outros" é generalizada.
E é precisamente esse aspecto, o sentido de responsabilidade, que em Portugal necessita de ser "trabalhado". Não há democracia que valha se os cidadãos não se sentirem responsáveis por ela, ou seja, todos os cidadãos devem compreender que a democracia depende, em primeiro lugar, deles próprios... Enquanto assim não for, será também difícil de exigir que os governantes sejam eles próprios responsáveis.

11:09 da manhã  
Blogger Biranta said...

As pessoas não se podem sentir responsáveis por "uma coisa" de que são excluídas, onde "não contam". ao contrário do que possa parecer, muita gente luta e reclama e denuncia os seus problemas e escreve exposições e... Qual é o resultado disso tudo? ZERO! No que é essencial, nas questões e problemas conmcretos que influenciam e condicionam a vida dos cidadãos, as pessoas nada conseguem, por mais que lutem e denunciem e reclamem e se manifestem... Porque é que hão-de votar? Porque é que hão-de achar que é importante, qunado as instituições e responsáveis passam o tempo a impor-lhes a sua insignificância? Veja-s o funcionamento, anacrónico, da justiça, como exemplo. Mas apenas como exemplo, porque nos restantes sectores passa-se o mesmo... Até por isso, para que os cidadãos passem a ser ouvidos e os problemas CONCRETOS resolvidos com dignidade, se deve valorar a abstenção. Os cidãdãos que temos e as sua atitudes "são produto do meio em que são criados", que é como quem diz: "são produto da forma, vil, como são mal tratados pelas instituições e pelos poderes". Não adianta apelar a responsabilização dos cidadãos, quando eles comprovam, todos os dias, que não valem nada (quando mconfrontados com os interesses e as decisões infames dos po´líticos, ditadas pelos criminosos e mafiosos dos compadrios e dos tráficos de influências. A realidade é uma só e os cidadãos também. Não há uma realidade infame e aviltante a que os cidadãos se devem submeter e uma "realidade política" onde os cidadãos devem ser actores (aind por cima para votar nos mesmos). Acordem! E analisem as coisas como elas são, porque as abstrações não servem para nada... O que motiva as pessoas são as realidades e não as abstrações idealizadas por cada um...

1:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

anda a circular na net as seguintes afirmações:
"sabiam que o voto em BRANCO é o mais eficiente?????

SE VOTAREM EM BRANCO, ou seja, se não escreverem absolutamente nada no boletim de voto, é muito mais eficiente do que riscá-lo.

Nenhum politico fala nisto... porquê?????????

Porque se a maioria da votação for de votos em branco eles são obrigados a anular as eleições e fazer novas, mas com outras pessoas diferentes nas listas.

Imaginem só a bronca.......:::::)))))))))

A legislação eleitoral tem esta opção para correr com quem não nos agrada, mas ninguém fala disso.

Não risquem os votos, porque serão anulados e não contam para nada.

VOTEM EM BRANCO......!!!!!!!!!!!!!!

A maioria de votos em BRANCO anula as eleições..... e demonstra que não queremos ESTES políticos!!!

Espalhem para se obter a maioria."

7:26 da tarde  

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