O Eleito

domingo, dezembro 11, 2005

A Versão Monetária

Helena Sacadura Cabral tem feito, nas suas colunas no DN, análises aos contributos dos cartazes dos candidatos. Para memória futura: versões "Olhos nos olhos", "Saber ouvir", "Portugal precisa de Si". Decerto não se esquecerá, nas próximas duas semanas, das restantes versões, pelo que convém estar atento.

E porque a análise à mensagem está a ter lugar por alguém bem mais capacitado do que eu, o meu contributo segue uma linha numérica e monetária. Numa altura de crise, as eleições e nomeadamente os cartazes que invadem a nossa praça são sempre motivo para os guardiões se insurgirem contra o dinheiro gasto nos mesmos, aproveitando para atacar os partidos. Se é certo que a campanha presidencial não é partidária, decerto a máquina dos cartazes o é. Pode-se ver isso no camarada Jerónimo, que já vai com dois cartazes (a propósito, no segundo teve-se o cuidado de retirar a sigla PCP) e no dr. Soares, que lançou logo dois ou três em simultâneo. O prof. Louçã foge a esta regra - afinal a máquina do Bloco não é assim tão poderosa. As outras duas candidaturas - as independentes - foram mais comedidas, tendo apenas um único tipo de cartaz e poucos em número (embora os do prof. Cavaco tenham crescido exponencialmente ns últimos dias).

Aqui faço questão de chamar a atenção para um aspecto que me parece importante. O preço dos cartazes é principalmente determinado pelo número de cores e "efeitos" que têm. E neste caso todos os cartazes possuem, além de uns fundos modernos (os efeitos no vermelho Louçã e no azul Alegre, excepção agora para o dr. Soares), a cara dos candidatos. Retratar uma pessoa exige uma qualidade muito maior, um sem número de cores e tonalidades, que encarece desmesuradamente o cartaz em relação às cores simples. Eu disse todos? Enganei-me. O do prof. Cavaco não tem a sua figura.

O cartaz do prof. Cavaco é conseguido com 3 (três!!!) cores: amarelo, vermelho e verde. As cores da nossa bandeira. (Aceito que tenha um leve efeito ali no Portugal Maior). E mais não foi preciso para lançar a onda. Arrisco a dizer que com o dinheiro que as candidaturas de face gastaram na sua primeira vaga com um cartaz terá dado para fazer uma dezena ou mais dos cartazes do professor. Economicista? Talvez, mas o que é certo é que a mensagem passa, e passou mais uma oportunidade para os habituais críticos se mostrarem imparciais.

Não sei se existirá segunda vaga de cartazes para todos (a de Jerónimo já chegou e a de Cavaco parece que está a caminho). Porém, nesta primeira, o vencedor está encontrado.

Tiago Alves

3 Comments:

Blogger David Afonso said...

Cavaco já tem cartaz com cara. E o calculo do custo dos cartazes não é tão linear assim.

7:32 da tarde  
Blogger Mário Almeida said...

Concordo com o David.

Penso até que o principal custo será o da sua localização.

Eu não faço a mínimo ideia, mas imagino que a localização dos cartazes (é uma cidade ou vila, rua ou estrada, para que lado está virado, o número de pessoas que passa, passam pessoas ou carros, etc) deve influenciar o seu custo.

E considerando isto, é impossível a um observador externo fazer o cálculo dos custos das campanhas.

No entanto, não há dúvida que se os cartazes de Cavaco "parecessem" em maior número, a esta hora o Super-Mário já tinha feito 34 posts a criticar o despesismo. Mesmo sendo impossível calculá-lo.

7:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Meu caro Tiago Alves acho verdadeiramente fantástica a sua capacidade de raciocínio para arranjar, criar e desenvolver uma ciência só sua para em todos os pontos desta campanha eleitoral, por o Professor na frente.
É verdadeiramente fantástico, acredite chega a ser comovente.
Já vi casos de seguidismo político verdadeiramente irracionais mas devo-lhe confessar que como o seu nunca tive a experiência de presenciar
PS: Achei igualmente fantástica a sua concepção de candidato impendente

1:00 da manhã  

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