O Eleito

sábado, dezembro 10, 2005

Jornalismo 24 Horas

Há pouco, na SIC Notícias, passava uma reportagem. Francisco Louçã discursava sobre a corrente cujo pensador-paradigma é Manuel Monteiro – a que respeita ao temor dos 10 milhões de imigrantes que estão nas nossas fronteiras à espera de entrar e que transformarão os pobres portugueses numa minoria. Afirma o jornalista narrador que esta foi uma resposta tardia às preocupações demonstradas por Cavaco Silva, no debate de ontem, no que respeita à imigração. De seguida, passam as afirmações de Cavaco. Logo depois, volta o discurso de Louçã. Vem de novo o jornalista, dizendo que, agora sem Cavaco, Louçã prossegue com a sua ironia.
[1] O jornalista não assistiu ao debate. Não foi uma resposta tardia, uma vez que Louçã afirmou o mesmo no próprio debate. Apenas se parafraseou neste discurso. [2] O jornalista vota, claramente, Cavaco, mas não o deve demonstrar no exercício da sua profissão. [3] «...agora sem Cavaco», diz – não vão as pessoas pensar que Louçã lhe respondeu no próprio debate –, é mais uma prova da falta de isenção do jornalista. [4] As palavras «tardia» e «ironia», ostensivamente tendenciosas porque carregadas de juízos de valor, são dispensáveis ao bom jornalismo. [5] Esta amostra é apenas um grão de areia. [6] A manipulação é um jogo perigoso.

8 Comments:

Blogger Américo de Sousa said...

Muito bem. Também assisti ao debate e vi a réplica imediata de Louçã. É realmente impressionante como certo jornalismo continua a confundir opinião com facciosismo. Para quem pensarão que estão a escrever ou falar?

10:24 da tarde  
Blogger Mário Almeida said...

Para quem ? Para a imensa maioria que não viu o debate.

A verdade é que o jornalismo português está nas ruas da amargura, e a maior prova disso é que o exemplo que deste é, digamos assim, anti-BE, qaundo é por demais evidente que os media de uma forma geral favorecem e muito o próprio BE.

A cobertura mediática do BE é completamente desproporcional à sua influência. Compare-se com o PCP que quase não se vê.

12:07 da manhã  
Blogger Pedro Santos Cardoso said...

O PCP quase não se vê? Não é bem assim. O PCP tem tanta cobertura como o Bloco.

1:43 da manhã  
Blogger José Raposo said...

Às vezes não tem de se falar para ninguém, apenas dizer aquilo que é justo

6:13 da tarde  
Blogger Pedro Santos Cardoso said...

José,

o jornalismo é uma forma de comunicação. Logo, necessariamente tem de se falar para alguém.

Mas o que é justo? Aquilo que o jornalista pensa? Mil cérebros, mil formas diferentes de justiça.

6:37 da tarde  
Blogger Mário Almeida said...

"O PCP tem tanta cobertura como o Bloco"

Não concordo.

Mas vamos partir do princípio que sim.

Como é possível que um partido histórico e com uma implantação nacional, tenha igual cobertura que um partido quase regional ?
A resposta está no "regional" - Região de Lisboa.

7:24 da tarde  
Blogger Pedro Santos Cardoso said...

Mário,

o BE tem 8 (salvo erro) deputados na Assembleia!

O mesmo se passava com Paulo Portas - tinha muita visibilidade, mas o PP não tinha expressão.

A questão é que ambos são muito semelhantes no estilo oratório, o que funciona em termos de marketing.

O PCP pode ser um partido histórico, mas tem vindo a perder a sua força gradualmente. Chegou a um ponto tal que não tem muito mais influência política do que o Bloco.

7:45 da tarde  
Blogger Mário Almeida said...

Na minha opinião, a influência política do PCP é maior do que aquilo que se pensa. Entre os seus, é talvez o partido que melhor os "controla".

Tens razão em relação ao PP, mas mesmo assim a cobertura do BE é superior. Mesmo considerando que o BE toma iniciativas apelativas em termos comunicacionais, eu penso que existe um claro favorecimento.

8:05 da tarde  

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