Direito De Antena Do Leitor
Os Media E Luís Botelho Ribeiro
Parece-me que há uma confusão neste debate que opõe pré-candidatos e as TV's ou media em geral. Essa confusão decorre de e prolonga uma profunda tradição anti-política (no fundo tradicionalista) que caracteriza Portugal.
1. Nas sociedades modernas (ao contrário das outras) os poderes do Estado são separados e juridicamente independentes (embora obrigados, para auto-perpetuação) à famosa solidariedade institucional.
2. O 4º poder diz-se assim porque, com a liberdade de imprensa (de opinião e de expressão, o que é tudo a mesma coisa), goza de uma larga autonomia jurídica, desde que adira à solidariedade institucional.
3. Alternativa e doutrinariamente, no campo moderno temos o modelo totalitário - em que a solidariedade institucional subverte a autonomia por submissão de todos os outros poderes do Estado a um só, que pode ser Presidente ou Primeiro Ministro ou Chefe Militar - e fora do campo da modernidade temos os fundamentalismos religiosos ou étnico-patrióticos, como em África acontece muito, mas também noutros continentes, incluindo o europeu (cf. Balcãs, recentemente com adesagregação da Jugoslávia).
Em resumo: o direito à livre expressão dos cidadãos não é, nunca foi, julgo que nunca será, uma oferta, uma dádiva, uma saída de um concurso de um reality-show. Como a reclamação de um direito de expressão não é a declaração de uma vítima: é um empreendimento político, que usa a ambiguidade entre a realidade e a norma, entre o que é e o que se diz que se desejaria que fosse.
Já agora deixo a minha opinião: a) desta vez muitos espontâneos sentiram necessidade de dar a cara pela Presidência da República: isto é um sinal de qualquer coisa; b) o efeito de eucalipto que a política à portuguesa tem acarinhado deixa a intervenção cívica voluntarista - aquela que sai das entranhas, sem preparação - ridicularizável; c) a modernização do país (e da Europa, noutro nível) passa por superar este "gap" entre os cidadãos e a política, pelo que, independentemente dos erros, pessoas como o Luís Botelho Ribeiro (com quem sei que discordo politicamente de opções fundamentais) fazem falta; d) os erros são a única forma de aprender a fazer política: lutando por isso, como ele fez. Tiro-lhe o chapéu!
[António Pedro Dores, em reacção ao debate n'O Eleito]
1. Nas sociedades modernas (ao contrário das outras) os poderes do Estado são separados e juridicamente independentes (embora obrigados, para auto-perpetuação) à famosa solidariedade institucional.
2. O 4º poder diz-se assim porque, com a liberdade de imprensa (de opinião e de expressão, o que é tudo a mesma coisa), goza de uma larga autonomia jurídica, desde que adira à solidariedade institucional.
3. Alternativa e doutrinariamente, no campo moderno temos o modelo totalitário - em que a solidariedade institucional subverte a autonomia por submissão de todos os outros poderes do Estado a um só, que pode ser Presidente ou Primeiro Ministro ou Chefe Militar - e fora do campo da modernidade temos os fundamentalismos religiosos ou étnico-patrióticos, como em África acontece muito, mas também noutros continentes, incluindo o europeu (cf. Balcãs, recentemente com adesagregação da Jugoslávia).
Em resumo: o direito à livre expressão dos cidadãos não é, nunca foi, julgo que nunca será, uma oferta, uma dádiva, uma saída de um concurso de um reality-show. Como a reclamação de um direito de expressão não é a declaração de uma vítima: é um empreendimento político, que usa a ambiguidade entre a realidade e a norma, entre o que é e o que se diz que se desejaria que fosse.
Já agora deixo a minha opinião: a) desta vez muitos espontâneos sentiram necessidade de dar a cara pela Presidência da República: isto é um sinal de qualquer coisa; b) o efeito de eucalipto que a política à portuguesa tem acarinhado deixa a intervenção cívica voluntarista - aquela que sai das entranhas, sem preparação - ridicularizável; c) a modernização do país (e da Europa, noutro nível) passa por superar este "gap" entre os cidadãos e a política, pelo que, independentemente dos erros, pessoas como o Luís Botelho Ribeiro (com quem sei que discordo politicamente de opções fundamentais) fazem falta; d) os erros são a única forma de aprender a fazer política: lutando por isso, como ele fez. Tiro-lhe o chapéu!
[António Pedro Dores, em reacção ao debate n'O Eleito]
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