O Eleito

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Fim De Festa

Chega hoje ao fim a campanha eleitoral e por isso importa fazer um balanço do que nos últimos meses e mais concretamente nas últimas duas semanas aconteceu neste país.

Houve arruadas, debates, dramatização, comícios, jantares, sondagens, insultos mais ou menos velados, silêncios (muitos silêncios) e polémicas quanto baste, mas escassearam as ideias fundamentais para o país e para os portugueses ganharem a confiança perdida.

Aliás a maior parte dos discursos manteve-se na confortável zona da discussão do estilo de intervenção presidencial e do papel na crise que todos pretendem ajudar a resolver, de forma não claramente especificada.

Desenganem-se os portugueses sobre o papel do presidente na recuperação da confiança nacional, pois nenhum aceitará ser uma espécie de embaixador itinerante à procura de investimento estrangeiro por esse mundo fora, ainda que possam viajar com empresários e ministros.

Desenganem-se sobre a intervenção do presidente no papel do governo, seria o pior serviço a Portugal e aos portugueses um Presidente que bloqueasse o trabalho do governo. Os portugueses não iriam entender as razões objectivas de um confronto aberto entre Belém e São Bento e isso apenas iria consubstanciar a nossa depressão actual.

A campanha esgotou-se perante o pensamento exclusivamente económico do professor e a discussão sobre a impossibilidade de o colocar em prática a partir de Belém.

Ficaram para trás inúmeras questões sobre o exemplo que o Presidente deve ser para todos os portugueses e sobre todas as matérias que interessam à manutenção do estado de direito democrático, ao papel de Portugal no mundo, à defesa do património e cultura portuguesa. No fundo todas as questões ligadas à manutenção da identidade nacional que se encontra pelas ruas da amargura.

Independentemente do resultado do próximo domingo, posso garantir que continuarei a dormir descansado. A única coisa que pode manter-me angustiado é pensar por quanto mais tempo vamos permitir que estes políticos durmam descansados….

2 Comments:

Blogger Biranta said...

Esclarecedor! O que eu mais "apreciei" aqui (pela sinceridade) foi o "DESENGANEM-SE"... assim como um médico que, perante um doente terminal, opta por "desenganá-lo", talvez para que ele, se conformando, se "deixe ir" mais depressa... Revelador, sem dúvida!
Desenganem-se os portugueses? Quem foi que "decidiu" todas essas regras e "papeis"? Não é o povo que deve decidir? O povo foi consultado?
Eu pensava que "isto" era uma DEMOCRACIA, onde as regras e leis e "papeis" deveriam ter como objectivo O BEM COMUM, que só pode ser considerado BEM COMUM, quando reconhecido, como tal, por todos.
Mas afinal não! Em vez de serem os bandidos dos políticos que têm de se "desenganar" e adoptar atitudes dignas, e permitir que os problemas do país se resolvam, não: são "os portugueses" que deverão se DESENGANAR. Fantástico!
Vocês estão mesmo a "pedi-las" um dia terão o que merecem. Depois gritem pela protecção da DEMOCRACIA que assim destroem, sistematicamente, persistentemente. Continuem a pensar que a DEMOCRACIA é propriedade vossa e que vos salvará, sempre, independetemente de a irem destruindo, que nem imaginam a desilusão que vos espera...
De facto, alguém terá de se desenganar, urgentemente, se se quiser evitar que "a casa caia". Vocês não têm noção de limite e de que "os Limites" não se devem ultrapassar. Porque, se ultrapassados, tudo pode acontecer...

12:26 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

...este ultimo comentário faz-me lembrar uma musica do grupo "ala dos namorados" que costumava passar na radio ha uns anos!...
"Os loucos de Lisboa"

9:17 da tarde  

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