Financiamento
1. Nenhuma campanha eleitoral é de graça. Os cartazes, os jantares, os comícios, os tempos de antena, os brindes, as sedes de campanha custam muito, demasiado até. Provavelmente nunca saberemos quanto. Não me refiro apenas aos números que são declarados pelos candidatos, mas também ao custo oculto das campanhas eleitorais. O povo é soberano e é o próprio povo que diz: «Ninguém dá nada a ninguém». Quem financia uma campanha, isto é, quem patrocina uma candidatura é porque tem algo a ganhar com isso. O que até é legítimo. Os empresários, os grupos económicos nacionais e multinacionais fazem parte do ecossistema sócio-político e não me choca que qualquer eleito procure acautelar os interesses dos seus patronos. Tal só demonstra realismo e lealdade. Em todo o caso a última palavra pertence sempre ao cidadão. Pertencerá?
2. Cavaco Silva tem enchido a boca anunciado que a sua campanha não é financiada por partidos mas apenas por particulares. Só não diz quem são esses particulares porque a tal não é obrigado. Soares ainda rosnou qualquer coisa, mas lá se foi embora deixando um lamento de rabo preso: «Só mostro se ele mostrar primeiro». Estamos conversados amigo Soares. Alegre, esse, pediu um empréstimo e também deve ter beneficiado aqui e acolá da boa vontade dos apoiantes, mas se há problema que a candidatura de Alegre tem é a falta de meios e de dinheiro.
3. Já disse que o professor é mau ilusionista e os seus truques não enganam ninguém (nem sequer os que nele vão votar!). Fica-lhe mal soprar mentiras em forma de verdades: é óbvio (e legítimo) que Cavaco tem o apoio do PSD/CDS e que esse apoio não é apenas moral; é óbvio (e legítimo) que a sua campanha é financiada pelos grandes interesses económicos. Mesmo que o Professor se sinta embaraçado com a sua própria natureza, não a deveria ocultar. Jorge Ferreira já nos lembrou aqui que a sede de campanha Cavaco em Lisboa está albergada num edifício que pertence ao Totta/Santander. Acrescento que a sede do Porto situa-se no edifício pertencente à AXA na Avenida dos Aliados, o qual tem servido de poiso ao PSD em várias eleições. Afirmar que se trata de uma candidatura independente é uma «inverdade» (como gostam de dizer os nossos deputados).
4. Deviamos ajudar os futuros candidatos em futuras eleições a não repetirem o erro de Cavaco. A Lei do Financiamento dos Partidos e das Campanhas Eleitorais devia ser alterada no sentido de tornar obrigatória a divulgação na imprensa ou na internet a lista dos financiadores dos candidatos. E tal deveria acontecer de modo a que no primeiro dia de Campanha Eleitoral Oficial nenhuma dúvida subsistisse. Desse modo, os portugueses ao votarem num candidato e/ou partido saberiam que interesses e lobbies estariam a apoiar. Assim mesmo: às claras! Mais uma vez a voz do povo: «Diz-me com quem tu andas e eu digo-te quem tu és.»
5. Estou tão convicto da bondade desta medida que me apetece sugerir uma petição à Assembleia da República...
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