Uma Lição Para Os Abstencionistas
"Dez reclusos do Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL) votaram esta quinta-feira antecipadamente para as eleições presidenciais do dia 22, na presença de um vereador da autarquia da capital.
Além dos 10 reclusos, o vereador da Câmara Municipal Lisboa António Prôa, em representação do presidente da autarquia, também recolheu hoje os votos de quatro doentes internados nos hospitais Egas Moniz (2) e Júlio de Matos (2).
Os doentes e os reclusos, que podiam votar antecipadamente entre segunda-feira e hoje, tiveram de comunicar, até 2 de Janeiro, essa intenção ao presidente do município do concelho em que se encontrem recenseados.
Os 10 reclusos votaram hoje na presença de António Prôa e os boletins de voto foram colocados num envelope branco e este num outro azul, que foi lacrado e identificado com o número de eleitor.
Os autarcas enviam depois os votos à mesa da assembleia em que o eleitor deveria votar, ao cuidado da respectiva junta de freguesia, que tem até ao dia 18 de os remeter ao presidente da mesa da assembleia de voto.
Segundo a lei eleitoral para o Presidente da República, os votos dos doentes e reclusos são os primeiros a ser colocados nas urnas no dia das eleições.
No EPL há 968 reclusos, mas apenas 10 votaram para as presidenciais, um aadesão que António Prôa considerou baixa «não por causa da burocracia», mas por «não ser uma prioridade» desta população.
A fraca adesão é também justificada pelos 343 detidos estrangeiros no EPL, que não têm direito a votar em Portugal.
Pedro Inverno, que está detido no EPL há cinco meses, também considerou que a fraca adesão está relacionada com o número de estrangeiros, a falta de informação interna e de recenseamento.
«Há pouca informação interna sobre as eleições. Apenas afixaram um cartaz», disse o recluso após ter votado.
«O facto de um preso votar não vai adiantar grande coisa. Acho que votariam mais se os candidatos prometessem reformular a duração das penas», afirmou, sublinhando que é «importante votar», apesar de estar preso.
Fernando Francisco, que votou hoje pela primeira vez aos 29 anos, tenciona exercer «sempre» este direito e lamentou que no EPL «não se fale sobre as eleições».
«É importante votar, todos os cidadãos têm uma palavra a dizer», afirmou, adiantando que tem vindo a acompanhar a campanha eleitoral através da televisão, o que tem «dado uma boa ajuda» para se informar sobre os candidatos.
Fernando Francisco só agora se recenseou e foi um técnico das aulas de apoio aos toxicodependentes que o incentivou.
Jorge Tomás, 33 anos, é a segunda vez que vota e disse que o faz porque tem «esperança em ter uma vida melhor».
«Voto porque espero encontrar lá fora um país mais aberto, principalmente para os reclusos que têm dificuldades em arranjar trabalho e são discriminados», disse.
Jorge Tomás gostava que um candidato visitasse o EPL durante a campanha e se tivesse oportunidade dizia-lhe «para tomar conta do país e levasse o país para a frente».
A partir de hoje e até 17 de Janeiro, decorre o prazo para a votação antecipada dos militares e agentes de segurança em funções no dia das eleições e os trabalhadores marítimos e aeronáuticos que se encontrem embarcados ou deslocados.
Nestes casos, não é necessária uma comunicação prévia, podendo os eleitores em causa votar no dia em que se deslocarem às câmaras municipais para manifestar a vontade de exercer o voto antecipadamente".
Fonte: Lusa
1 Comments:
Só mesmo um indivíduo que se deixou embrenhar "nas malhas da justiça" a ponto de ir parar à cadeia para achar que existe, entre os candidatos, alguém "para tomar conta do país e levasse o país para a frente".., "Eles" tomam conta do País, sim... mas é para destruir e espoliar ainda mais...
Uma lição para os abstencionistas, sr. professor? Não sabia que me tinha matriculado em alguma escola (ou curso, ou seminário). Pensava até que isto era um país livre onde "a gente" depois de adultos, só recebemos lições de quem entendemos... Uma lição para os abstencionistas... 10 presos votarem, num total de mais de 900... Não será mais o contrário?
Mas pergunta a minha indignação: que raio de história é essa de você achar que nos pode impigir, a nós, abstencionistas, "lições" de detidos?
Eu achava que já lhe tinha explicado que não se deve esperar, dos outros, mais consideração do que a que lhes dedicamos... No meu caso particular, tenho, SEMPRE, um pouco mais de consideração por quem tem alguma por mim; e muito menos consideração pelos que não a têm por mim...
Uma lição... directamente da cadeia... vá-se catar e tenha dignidade, que é para ver se encherga a dos outros... Os cursos que tinha a fazer já fiz (e matriculei-me voluntariamente) e lições recebo de gente idónea, depois de avaliar a sua bondade (das lições) agora de gente que está na prisão, apenas porque você assim o entende?... mas porque raio de carga de água?... Você é louco! Cure-se!
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