«Livre Livre Livre» - III - Então, E O Alegre, Hein?!
O Alegre?! O Alegre é um lírico! O Alegre é retórica, é vaidade, é estilo. O Alegre é uma espécie de registo diário das intervenções na Assembleia, mas em estilo culto! O Alegre é a conotação em versão parlamentar!
Gostava que o professor Humberto me viesse perguntar, como na oral do 9º ano, “Então, Isabela, e o Alegre, hein?! O que me dizes do Alegre? Vamos a isto?!" E eu responder-lhe-ia: "pode ser!"
“Pode ser, rapariga?! O que é isso do pode ser?! Ou sim ou não: ou é ou não é; na vida não há pode ser – pode ser é deixar andar, é pactuar! Sim ou não, Isabela?”
“Sim!”
“Então, abre-me esse manual na página 35, lê-me bem alto essas quatro estrofes e vamos lá esgaravatá-las os dois, como se não estivesse mais ninguém nesta sala...”
É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.
É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.
Mas a minha politização não foi passiva.
Ao longo da adolescência escolhi os valores com que me identifiquei; eu escolhi!, não os recebi por linhagem, não os herdei! Não os seleccionei entre os que seriam mais conciliáveis com o meu contexto de vida, ou mais fáceis de assumir. Escolhi livremente, e, por isso, houve alturas em que carreguei com dificuldade o peso da escolha.
Tal politização foi-me chegando através da literatura, nomeadamente da poesia, pela mão de dois homens: Manuel Alegre (e outros poetas de intervenção dos anos 70/80!) e o professor Humberto, seu fiel intérprete.
O professor Humberto leccionou-me a disciplina de Português, no Colégio Nun´Álvares, em Tomar, entre 1978 e 1981. Não me recordo do seu apelido.
Ao Manuel Alegre devo o mundo que me revelou através dos poemas cujos versos fui transcrevendo, Poemarma e Letra para um Hino, respectivamente.
Temo que seja uma dívida não meramente incobrável, mas impagável!
“Pode ser, rapariga?! O que é isso do pode ser?! Ou sim ou não: ou é ou não é; na vida não há pode ser – pode ser é deixar andar, é pactuar! Sim ou não, Isabela?”
“Sim!”
“Então, abre-me esse manual na página 35, lê-me bem alto essas quatro estrofes e vamos lá esgaravatá-las os dois, como se não estivesse mais ninguém nesta sala...”
É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.
É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.
Mas a minha politização não foi passiva.
Ao longo da adolescência escolhi os valores com que me identifiquei; eu escolhi!, não os recebi por linhagem, não os herdei! Não os seleccionei entre os que seriam mais conciliáveis com o meu contexto de vida, ou mais fáceis de assumir. Escolhi livremente, e, por isso, houve alturas em que carreguei com dificuldade o peso da escolha.
Tal politização foi-me chegando através da literatura, nomeadamente da poesia, pela mão de dois homens: Manuel Alegre (e outros poetas de intervenção dos anos 70/80!) e o professor Humberto, seu fiel intérprete.
O professor Humberto leccionou-me a disciplina de Português, no Colégio Nun´Álvares, em Tomar, entre 1978 e 1981. Não me recordo do seu apelido.
Ao Manuel Alegre devo o mundo que me revelou através dos poemas cujos versos fui transcrevendo, Poemarma e Letra para um Hino, respectivamente.
Temo que seja uma dívida não meramente incobrável, mas impagável!
2 Comments:
Obrigado Isabela.
David - Não há de quê.
Desde que eu tenha tempo, é um prazer! Um abraço.
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