O Eleito

segunda-feira, novembro 07, 2005

Profissões Que Deviam Ser “Exterminadas”!

Por motivos que talvez consiga explicar, tenho um “odiosinho de estimação” (odiosinho claro, que “a coisa” nem merece, propriamente, ódio), a umas profissões que por aí há, como os fazedores de imagens e de discursos. Considero-as profissões indignas, prejudiciais, sem “nível”.
Estarão todos a perguntar porque é que trago um assunto destes aqui; o que é que isto tem a ver com “Eleitos”. Frustrações, meus amigos, frustrações!
No início das apresentações das candidaturas presidenciais, eu cheguei a pensar que talvez viesse a ter razões para votar… no poeta…
Admiti a hipótese, quem sabe? Às vezes existem surpresas… Afinal passo o tempo a dizer que existem as pessoas adequadas para cada cargo e função, as pessoas capazes de promoverem e despoletarem a resolução dos nossos problemas (que só podem ser resolvidos com o envolvimento de todos, ou, pelo menos, da maioria), é natural que atente em todos os sinais e até que me iluda, não acham?
O pior é quando sobrevém a desilusão! A sensação de desilusão é má; é uma sensação de perda! É esse “sentimento” que me move agora, ao escrever estas linhas.
A perda, a desilusão concretizou-se quando o candidato a candidato hesitou e colocou a fidelidade partidária à frente do dever cívico (numa candidatura que é, por natureza, apartidária). Mas a desilusão tinha começado antes, quando enunciou os seus objectivos que eram, como os de todos os outros, “derrotar Cavaco Silva” que, na altura, nem sequer era candidato.
Quando as pessoas hesitam têm sempre razão, isso resulta das suas "limitações"; não adianta insistir…
Mercê das insistências, Manuel Alegre acabou por apresentar a sua candidatura e foi alterando o discurso. Primeiro nos propósitos, mais recentemente, quando lançou o seu manifesto, na “elaboração” de alguns objectivos que se sabe têm muitos adeptos.
Aqui, a minha frustração aumentou.
O discurso soube-me a insosso (ou insonso, ou insulso), que é como quem diz (diz o dicionário) sem o sal necessário. Soube-me a discurso escrito por profissional, daqueles que não enganam ninguém, a não ser quem queira ser enganado, quem precise de ser enganado, porque precisa de “acreditar” em alguma coisa para continuar a viver. Ainda há muita gente assim, que precisa de ser enganada. Há as pessoas suficientes para “eleger” um presidente… embora com percentagens diminutas de votos, sempre abaixo dos 30%.
Não está em causa a boa-fé, ou boa-vontade do poeta. O que está em causa é saber se ele tem características e qualidades para concretizar as suas boas intenções. Tudo indica que não tem! Indica-o, em primeiro lugar, o teor do discurso.
É que não há, no tal discurso, os ingredientes básicos que permitam perceber como é que vão ser atingidos os objectivos; quais os argumentos (qualidades do candidato) que permitem tornar concretizáveis as promessas… Mas faltam elementos fundamentais no discurso, que permitam avaliar a consistência dos propósitos... Exactamente porque é um discurso encomendado, demagógico…
Estes discursos, manufacturados por encomenda, produzidos com o intuito de enganar, já se tornam óbvios de tão comuns. Nesta campanha eles são comuns a todos os candidatos, desde Louçã até Cavaco, tão obviamente que até chateia. É assim que:
- Alegre procura arrastar os sonhos (de quem se contente com sonhar);
- Cavaco assume a postura de “profeta salvador” (que nem sabe como se salvar a si próprio), qual “menino do coro”, imagem de falsa candura que faz pensar na Opus Dei;
- Soares permanece com o mesmo despudor de sempre, próprio daqueles a quem está garantida total impunidade… devido à sua “condição” de Maçon?
- O resto é “paisagem”, que não consegue passar disso mesmo, por mais “elaborados” (e caros) que sejam os discursos e os fazedores de imagens.
E, repito para que não restem dúvidas, não estão em causa as "boas intenções" (boas para os próprios o que é suficiente) dos candidatos. O problema é que as intenções têm de ser "boas" para os cidadãos e reconhecidas como tal pelos cidadãos.
As alterações “operadas” pelos fazedores de imagens, nas falas dos candidatos, de TODOS os candidatos que aparecem, foram sendo óbvias. Serão, estes, defeitos, incuráveis, de políticos, quer profissionais quer amadores?
Mas, se isto é mesmo assim, nos tempos que vivemos, porquê o meu espanto? Pensarão vocês!
Exactamente porque “é mesmo assim” e pelos resultados que tem produzido!
Nestas coisas, quando se trata de conquistar a confiança dos cidadãos e mobilizar os eleitores, nada como as pessoas serem o que são, dizerem o que pensam, evidenciando o que conseguem concretizar, sem artifícios “profissionais”, para se saber se são, de facto, líderes.
Os povos têm capacidades “instintivas” para perceber estas coisas, que não devem ser desprezadas…
Actualmente, partimos duma situação em que as pessoas estão fartas de ser enganadas, de ouvir mentiras, e se torna cada vez mais difícil distinguir em quem confiar. Há que contar com isso, mas o caminho do marketing só contribui para piorar. Não haverá, por aí, alguém que queira “inovar”? Tanto que se fala em inovação mas, quando se trata das coisas importantes, insiste-se nas velhas estratégias, por mais perniciosas que sejam.
Além disso, estes logros só enganam alguns, nunca os suficientes para permitir mobilizar vontades e resolver os nossos problemas…. Por isso eu insisto na necessidade de se valorar a abstenção…
É por isso que eu não voto Alegre, nem Soares, nem Cavaco, nem…
É por isso que eu me abstenho!

2 Comments:

Blogger Luís Bonifácio said...

Cara Biranta, por aqui!

Grande (e boa) surpresa. Seja bem-vinda.

Como já é hábito, não partilho o seu ponto de vista. E até me apetece dizer "Quem me dera ser republicano para poder votar em Manuel Alegre"

10:21 da tarde  
Blogger Biranta said...

Amigo Luís,
Se todos tivéssemos os mesmos pontos de vista "isto" não tinha graça nenhuma...

12:02 da tarde  

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