O Eleito

segunda-feira, novembro 07, 2005

RE: Cavaco. Eu não acredito!(?)

Congratulo o meu colega por não acreditar em mitos. Faz muito bem. Eu também não acredito. Aliás, a maioria dos portugueses também não acredita. Eu sei, tal como a maioria dos portugueses sabe, que Cavaco Silva é apenas um candidato a Presidente da República. E para mim, tal como para a maoria dos portugueses, é o que dizem as sondagens, é o melhor dos candidatos.

Eu sei, como a maioria dos portugueses sabe, que ele não foi um Primeiro-Ministro perfeito. O problema não é esse. O problema é que há um outro candidato que ainda fez pior. E há outros candidatos que são contra aquilo que o homem melhor soube construir: o capitalismo. E muitos já não embarcam nessas cantigas. É tudo uma questão de vantagens. Não de perfeição. Os portugueses não são assim tão burros.

Além disso você aponta dois erros a Cavaco Silva: 1- de ter uma estratégia errada 2- de não ter estratégia. Como sabe A não pode ser A e não A.

Você tem uma certa razão no primeiro ponto. De facto distribuir dinheiro tirando a uns para dar a outros é errado. E resulta sempre mal. Mas nós sabemos como são os governos, têm sempre que ir dando dinheiro para parecer que estão a trabalhar. O problema é que o dinheiro nunca chega e depois toda a gente diz que a estratégia falhou. É sempre fácil dizer a posteriori afirmar que essa era a estratégia errada e que o dinheiro devia ter sido tirado de A e em vez de ir para B ir antes para C. O que é difícil é constatar que as ditas "estratégias" de tirar a A para dar a B resultam sempre. Isto é: A ficou sem o dinheiro e B ficou com ele. E B nunca se queixa do que recebeu, só do que não recebeu, e que poderia ser sempre mais. O que resulta daí é sempre isso e nada para além disso. A estratégia de toda a gente é ganhar dinheiro, só a estratégia do governo é que é gastá-lo.

É claro que os governos prometem sempre que nos tiram o dinheiro para o nosso bem. Porque nós somos estúpidos e não sabemos gastá-lo e eles são iluminados e dar-lhe-ão um uso muito melhor do que nós, pessoas e empresas. Esse gasto é sempre em nome de uma estratégia, claro.

E é neste MITO que você continua a acreditar.

De qualquer maneira nem sei porque discutimos isso. FELIZMENTE o PR não pode gastar tanto dinheiro como o Governo.

E que podíamos nós ter em vez de Cavaco?

"1º - O facto de ter governado em período de crescimento, logo após 11 anos de depressão, crise profunda e contenção"
RE: por esta ordem de ideias Durão Barroso seria o candidato ideal, foi o Primeiro-Ministro num momento económico particularmente difícil.

"2º - A mediocridade relativa dos seus sucessores à frente do governo"
RE: por esta ordem de ideias nenhum Primeiro-Ministro da III República mereceria ser PR, pelo simples facto de Cavaco, apesar de ter sido mau, foi apesar de tudo, o melhor!

"3º - Os anos de silêncio que se remeteu após 1995"
RE: por esta ordem de ideias o seu candidato ideal seria Santana Lopes, ao menos esse, sempre andou por aí...

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Cavaco Silva es un tio cojonudo, como Belmiro de Azevedo.

10:39 da manhã  
Blogger Biranta said...

"Maioria" dos portugueses... quer dizer... Façamos as contas como se deve, porque o pais é de todos e só pode levantar-se com a mobilização da maioria... não de "maiorias" absolutas de menos de 30%, que determinam, desde logo, todos os "bloqueios". Não há muitas formas de resolver os problemas duma nação... Mas há formas de resolver até os nossos problemas. O presidente tem um papel fundamental (pode ter um papel fundamental).

4:10 da tarde  
Blogger Salvador said...

a maiorira a que me refiro é a que as sondagens indicam.

não sei a que se refere com maiorias absolutas de 30%... não sei mesmo, se puder esclarecer.

mas esclareço que não espero um Presidente para me resoilver os meus problemas. Eu espero é um Presidente que não me crie mais problemas.

5:07 da tarde  
Blogger Biranta said...

Até hoje, durante a III República, nenhum governo ou presidente foi eleito com percentagens de votos superiores a 30%, talvez à excepção do 1º Governo Constitucional, (desse nunca fiz as contas) que admito tenha sido eleito com uma percentagem ligeiramente maior porque a abstenção foi inferior a 10%; mas é só uma suposição.
O actual governo, por exemplo, tem uma "maioria absoluta" com menos de 29,3% dos votos dos eleitores, O actual Presidente foi eleito com cerca de 27% dos votos...
Isto porque, apesar da abstenção ter crescido desde os iniciais 7 ou 8% para mais de 35% nas legislativas e mais de 45% nas presidenciais... todos esses eleitores (e sua opção) são desprezados. Ora, como eu sou abstencionista, irrita-me quando as pessoas falam como se nós não existíssemos, ou não tivéssemos direitos de cidadania, pessoas cujas opiniões e opções não devem ser consideradas... Quando, afinal, a nossa opção é largamente naioritária, muito superior a qualquer das outras...
Além disso, a meu ver, a solução dos nossos problemas começa por aí: por considerar, por igual, todas as opiniões, arcando com as consequências (de aumento de exigência de credibilidade dos políticos).
Não sei se me fiz entender...
Agora deixe-me que lhe diga que o meu amigo é uma pessoa cheia de sorte (Deus lha conserve): não precisa de resolução para os seus problemas... A esmagadora maioria dos portugueses PRECISA, muito, de que os nossos problemas sejam resolvidos. Há demasiada gente a criar problemas ao país, pelo que, se o Presidente não consegue perceber que lhe compete acabar com isso, não se justifica a eleição e o gasto. É que o Presidente é o garante do funcionamento das instituições e, hoje em dia, até o "Estado de Direito" está posto em causa numa enorme variedade de situações...
Percebo que se refere a "estabilidade"; mas isso é uma palavra vã, na actual situação. Não há estabilidade sem a resolução dos problemas, sobretudo quando os problemas são da dimensão dos que enfrentamos. Esta "estabilidade" é falsa, como o prova a degradação constante da nossa situação.

8:47 da tarde  
Blogger Salvador said...

não me considero uma pessoa com sorte. não abordei nem abordo as questões de forma pessoal. toda a gente tem problemas e não é obrigação de nenhum governo resolvê-los. nunca foi e nunca será. essa crença no Estado-Papá é que é a principal culpada pela quase falência do Estado. a sociedade tem capacidade para resolver os seus próprios problemas, assim o Estado e o Governo o permitam.

11:39 da tarde  
Blogger Biranta said...

Bem dito! Não é obrigação dos governos resolver os problemas; a sociedade tem capacidade para resolver os seus próprios problemas, assim o estado e o governo (e outros poderes instituídos) o permitam. O "nosso" estado não permite, as nossas instituições são "forças de bloqueio" e assim não há soluções. O estado nem permite nem autoriza. Não permite porque espolia os cidadãos e as empresas com impostos e outros encargos. Não autoriza porque proibições absurdas e exclusivos de actividades e competências que não exerce adequadamente, nem deixa exercer. E furta-se a todo e qualquer controlo, ou responsabilização, por parte dos cidadãos. É a democracia transformada em bandalheira, a servir de prestexto para abrir caminho a outras "bandalheiras". A valoração da abstenção inibiriam muitas destas trapaças, por detrás de cujas se escondem e proliferam os piores tipos de criminalidade.

12:13 da tarde  
Blogger Pedro Santos Cardoso said...

Chego de viagem e vejo que isto está animado!

7:34 da tarde  
Blogger Salvador said...

sinto-me tentado a assinar o seu comentário por baixo, caro Biranta, mas neste sistema não se valoriza a abstenção, nem estou a ver como isso funcionaria. o melhor era ir à luta, mas é complicado, é complicado...

8:53 da tarde  
Blogger Luís Bonifácio said...

Caro Pedro.

Com a Biranta isto está sempre animado

1:01 da manhã  

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