Invocar Cunhal Em Vão
Há candidaturas que importam, uma a que não só não se liga, mas da qual toda a gente desliga e duas a que, por cortesia e imparcialidade formal, se dá ouvidos, esperando, no entanto, que não empatem. As aventuras presidenciais de Jerónimo de Sousa e do Dr. Louçã começaram por ser tentativas de influenciar a eleição do presidente, brandindo o fantasma de, parando a meio, beneficiarem outra candidatura. Nesta altura do campeonato continuam a dizer exactamente o que diziam, porém o que pretenderão, em primeiro lugar, é que a eleição do presidente não influencie a dimensão que as respectivas forças políticas detêm. Daí que se tenham virado contra Manuel Alegre, que pode tirar votos a ambos. O Leader do Bloco deixou, sem inocência, que a boca lhe fugisse para a verdade das suas intenções, ao acusar o candidato independente de fraccionar a esquerda. E o Secretário-Geral do PCP veio defender a para os Comunistas memória sagrada de Álvaro Cunhal, como coutada própria. Alegre contestou e ambos estão certos: no sentido do Culto, Jerónimo pode chocar-se em virtude de uma figura que pertence à hagiografia do marxismo político ser invocada por um não-crente. Do ponto de vista da ausência de ganhos, Alegre poderá dizer que a propriedade privada de que Jerónimo se arvorou em defensor renderá coisa nenhuma.
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