O Sistema Não Gosta De "Outsiders" (2)
Na sequência do meu post anterior, o colega José Raposo diz que não acredita numa conspiração contra os candidatos independentes e que formalmente o são todos. Não é muito meu costume entrar em diálogo directo com os colegas, até por falta de tempo. Mas o tema é por demais importante, por um lado e por outro, o 2 de Janeiro dá ainda um resto de disponibilidade que os outros dias não consentem.
Eu também não considero que exista uma central de comando de uma conspiração contra os candidatos "outsiders" (eu não chamei independentes...). Mas afirmo sem qualquer pejo o seguinte: as forças partidárias dominantes fazem de tudo para manter o sistema político como uma quinta privativa. E todas o fazem.
Experimente o José Raposo constituir um partido político novo e vai ver o que são atrasos nas certidões de eleitor nas Juntas de Freguesia!Experimente o José Raposo instruir um processo de candidatura presidencial e vai ver a simpatia com que as certidões se atrasam... No caso de um partido ainda se consegue gerir a situação sem dramatismo visto que se pode fazê-lo a qualquer momento, já que os donos da República ainda não se lembraram de instituir uma saison para o efeito! Mas no caso de uma candidatura , em que os prazos são apertados e esmagadora maioria das Juntas são dominadas pelos grandes partidos, é muito fácil estrangular burocraticamente o processo, com vantagem para quem dispõe de máquina administrativa.
Quanto à atitude de Jorge Sampaio ela ilustra bem o medo que o ainda Presidente sempre teve de afrontar poderes instalados e o carácter insuportavelmente situacionista dos seus mandatos.
1 Comments:
Jorge,
Também ia responder-lhe em forma de post mas acho que não vale a pena porque até concordamos.
A questão da teoria da conspiração era mais na sequência da morte anunciada da República que o Luís Bonifácio fez aqui anteriormente.
Quanto à nossa questão, concordo que é cada vez mais claro que os partidos políticos dominam o aparelho de estado e que por isso mesmo rodam as cabeças sempre que há eleições e que isso acontece igualmente ao nível local.
Eu não abordei a questão pelo lado das certidões de eleitor mas concordo que se em situações normais já é tão complicado obter o que quer que seja nas juntas de freguesia, no caso de uma certidão de eleitor deve ser ainda mais complexo.
Imagino que se eu tivesse a iniciativa de apresentar uma candidatura presidencial ou fundar um partido político e para tal necessitasse da minha junta de freguesia, no dia seguinte essa informação já teria sido veiculada para os partidos.
Por isso mesmo é que lamento a cobertura que Jorge Sampaio dá a essa burocracia limitadora de uma democracia plena, não recebendo os candidatos que pediram uma audiência.
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