O Eleito

terça-feira, novembro 08, 2005

O Roubo Do Estado Providência

Candidato socialista à presidência da República defende que «têm de ser encontradas» soluções políticas para problemas de emprego e integração social dos grupos de jovens envolvidos nos tumultos na França.

Para Mário Soares a consequência política que se deveria retirar do vandalismo em França era apoiar os vândalos com empregos e integração social. Por outras palavras apoiá-los mais. Por outras palavras arranjar subsídios. Por outras palavras: dinheiro.

Numa sociedade pré-socialista onde o dever do Estado é cuidar de todos os cidadãos, o famoso Estado Social ou Estado Providência, a tarefa deste está sempre destinada ao fracasso. É impossível resolver os problemas de todas as pessoas. O que acontece é que aqueles que mais o exigirem são aqueles que mais conseguirão. Aqueles que mais força têm são aqueles que mais conseguem tirar. Os que gritam mais alto são aqueles que mais se conseguem fazer ouvir.

Uns porque têm conhecimentos conseguem o que querem. Uns porque têm cunhas conseguem o cargo que querem. Os que têm dinheiro conseguem-no pela corrupção. Os que não têm conseguem-no pela violência.

O cidadão honesto e calado todos os dias é roubado porque é ele que paga sempre que outrem pede a responsabilidade do Estado. É esta a "Justiça Social" que é exigida.

8 Comments:

Blogger David Afonso said...

O raciocinio do Salvador é galopante. Não vou ser eu aqui que vou defender Soares (até porque desconfio que nem sempre este saiba o sentido exacto do que afirma), mas saltar da ideia de integração social para a ideia de atribuição de subsídios é arriscar-se a passar uma tangente ao lepenismo. De qualquer dos modos, mesmo admitindo como válidas as suas conclusões, ainda teriamos de fazer as contas sobre o custo da solução sarkoziana: polícia e mais polícia. Quanto custará remendar mal e à força um problema inevitável?

7:40 da tarde  
Blogger Salvador said...

então o David considera o que aconteceu "inevitável"? Para si não vale a pena mandar a polícia fazer nada, é isso? A culpa é mesmo das pessoas que com os impostos pagaram os bairros sociais e os subsídios de desemprego?

E é assim de repente passo à tangente ao lepenismo?

8:49 da tarde  
Blogger Biranta said...

Oh meus amigos! Na procura de soluções ou medidas apropriadas, não adianta negar a evidência dos factos. Eu tenho uma "teoria" muito própria (e crítica) acerca dos recentes acontecimentos em França. Contudo, é inegável que o problema existe, que os factos são graves e que não são inevitáveis. Mesma do ponto de vista da minha teoria, para que ela se concretize são necessários vários "ingredientes" que incluem a exclusão social e a ausência de soluções para estes problemas sociais... A resolução dos problemas da sociedade cabe aos governos promover e cuidar da sua concretização. Se não, para que servem os governos?
Contudo, se é verdade que o problema existe e tem de ser resolvido (nem devia ser necessário, nem lá nem cá, que as coisas chegassem a tal descalabro), acho que quem comete crimes tem de ser punido e não pode ser recompensado em detrimento dos cidadãos pacatos e honestos, porque essa inversão de valores é a primeira destruição da própria democracia e de qualquer sociedade civilizada.
O facto, indesmentível, é que, numa situação assim, as "culpas" são demasiado vastas e profundas, para se poderem "passar em branco".
Como em muitas outras situações, prevenir, devia ser a "palavra de ordem"... Há uma infinidade de formas de "prevenir", que têm vindo a ser enunciadas, ao longo dos tempos. Se os governos optam por usar "outros" critérios, devem assumir as responsabilidades das consequências...
É na prática que as opções "políticas" demonstram a sua bondade... Aos políticos compete perceber quais são as medidas eficientes, se têm, de facto, capacidades para os respectivos cargos.

9:24 da tarde  
Blogger Pedro Santos Cardoso said...

Caro Salvador:

para uniformizarmos o estilo do blogue, as letras iniciais dos títulos dos posts são maiusculadas, e o texto justificado.

9:36 da tarde  
Blogger David Afonso said...

Caro Salvador

O inevitável decorre do facto de se ter desinvestido nestes bairros nos últimos 8 a 10 anos. O inevitável decorre de se ter começado a considerar a acção das ong´s e de grupos de cidadãos uma despesa e não um investimento. O inevitável decorre de uma crise que pode chegar aos 20% de desemprego jovem. O inevitável surge quando se deixou que uma espécie de apartheid submerso se instaurasse na sociedade francesa (e europeia). O inevitável surge quando um responsável político apelida de escumalha uma parte significativa dos seus concidadãos. O inevitável acontece quando um presidente da república tudo faz para ignorar esta realidade.
Perante o inevitável só podemos pensar numa coisa: onde estávamos nós antes de a coisa se ter tornado inevitável? Em que ponto das nossas opções falhámos para aqui chegar? Isto é um problema de toda a europa e também de Portugal.
É claro que para já é preciso controlar o caos e prender os criminosos. O problema é quando estes têm 10 ou 13 anos de idade...

10:10 da tarde  
Blogger Salvador said...

Caro David,

como explica que aquilo aconteça no Estado Social mais forte da Europa? consequentemente, o Estado em que mais se investe em Justiça social e redistribuição da riqueza. Como é que isto acontece e ainda se reclama mais investimento?

Eu explico: uma sociedade muito pouco liberalizada que protege os empregos e prejudica a mobilidade social. Uma sociedade que não responsabiliza as pessoas pelos seus actos e que lhe perdoa tudo sob a grande capa do politicamente correcto que obriga os governos a recompensar a violência e o desacato da autoridade.

3:13 da manhã  
Blogger David Afonso said...

Caro Salvador,

No Público de hoje:
Taxa de desemprego nacional - 9,8%
Taxa de desemprego dos imigrantes - 17,4%
Taxa de desemprego jovem (19-29 anos):
Pais nascidos em França - 20%
Pais nascidos fora de França - 30%
Pais magrebinos - 40%

Isto é liberalização por coutadas sociais.

10:56 da manhã  
Blogger Salvador said...

Eu repito:

"uma sociedade muito pouco liberalizada que protege os empregos e prejudica a mobilidade social"

Para proteger os "insiders" prejudica-se os outros, imigrantes e jovens, a bem da "estabilidade social". Depois criam-se subsídios para os que foram prejudicados para descargo de consciência dos defensores do Estado Social.

Os dados que mostra provam exactamente a minha tese, já que se reportam a um país que afirmou publicamente que o liberalismo é tão perigoso e prejudicial como o comunismo.

5:59 da tarde  

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