Resposta Ao Salvador
Resposta muito breve ao Post Da Direita Estúpida .
[já a tinha dado em forma de comentário, mas como cheguei muito atrasado, puxei-a cá para cima]
[já a tinha dado em forma de comentário, mas como cheguei muito atrasado, puxei-a cá para cima]
Não tenho pão para dar e muita pouca paciência para quem gosta de malabarismos. Se lhe faz bem à alma essa visãozinha maniqueísta, esteja à vontade, é tudo uma questão de conforto moral. Mas se se acha na condição de abordar seriamente esta questão faça o favor de decantar os conceitos. Não existe a Esquerda, esta denominação abarca demasiadas tendências e orientações e aqui nem todos os gatos são pardos. É óbvio que existe uma esquerda condescendente com algum terrorismo, contra essa esquerda acéfala sou o primeiro a lançar a pedra, eu que me digo de esquerda. Depois, o termo terrorismo agora cola-se a tudo e mais alguma coisa, a tal ponto que no UK já se pede cautela na sua utilização pela imprensa.
Mesmo aceitando alguns dos pontos da argumentação que vincula algum terrorismo a alguma esquerda, subsiste o desagradável incómodo que é a existência de movimentos terroristas de filiação oposta, como os inúmeros grupúsculos de extrema direita presentes na américa latina reconhecidamente financiados pelos EUA e pelo tráfico (aliás, o tráfico também financia o terrorismo de esquerda, o crime não tem ideologia) e como as operações terroristas israelitas incentivadas pela direita (aviso que sou apoiante da causa israelita mas não à custa dos palestinos).
Por cá também tivemos fenómenos, para além das FP25, que hoje em dia teriam sido imediatamente catalogados de terroristas e cuja matriz era de direita/extrema-direita e que se concretizaram em atentados às instalações de vários partidos de esquerda e até assassínio do Padre Max (uma dessas organiszações até dava pelo pomposo nome CODECO- Comando de Defesa da Civilização Ocidental, nada mau!). E o meu amigo não será condescendente com este tipo de terrorismo? Aposto que Ribeiro e Castro será...Isto são factos.
Depois existem questões que nos conduzem a situações paradoxais: o terrorismo basco, por exemplo, tem um pendor esquerdista (é à esquerda que o seu braço político se dirige), mas o seu discurso e os seus fundamentos ideológicos são muito próximos do ideário de direita e claramente conservadores (como é o caso flagrante de uma ideia arcaica de pátria que os anima). E o que dizer do terrorismo irlandês e da sua ligação ao catolicismo? E do terrorismo unionista e da sua ligação ao protestantismo? E do terrorismo islâmico? Não estamos perante movimentos tipicamente conservadores?
Por outro lado, a dinâmica de alguns desses grupos leva-os para uma lógica que nada tem de ideologia, transformado-se em meros grupos de malfeitores dedicados à extorsão, ao roubo e ao tráfico (o caso da irlanda do norte é um bom mau exemplo).
Em último caso, podemos até partir do princípio que este novo terrorismo nada deve à matriz clássica de esquerda/direita. Os especialistas na matéria não se cansam de demarcar este novo fenómeno do terrorismo dos anos 60/70 e do século XIX. Este é o meu ponto de vista. Fazer o que fez Ribeiro e Castro é mais do que uma imbecilidade, é uma imoralidade porque para além de não corresponder à verdade, constitui uma embaraçosa tentativa de ganhar visibilidade política à custa da morte de muitos inocentes. Isso envergonha-me. Mereciamos melhores políticos, a direita merecia melhores representantes.
PS: acho que o comentário do karloos diz mais sobre si próprio do que sobre a esquerda.
4 Comments:
David ao ataque! Muito bem!
É sempre um prazer ler este homem.
David Afonso
Para melhor compreensão da problemática "Terrorismo" gostaria que cada um de nós definisse "Terrorismo", iríamos por certo ter agradáveis surpresas.
Caro Elisário,
Ora aí está uma excelente observação!
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