Inquérito Cívico: Jerónimo de Sousa (1 de 7)
Hoje apresentamos as respostas da candidatura de Jerónimo de Sousa ao nosso Inquérito Cívico.
1 - Quais as expectativas para a evolução da democracia portuguesa nas próximas décadas?
Ao longo de praticamente três décadas, embora de forma mais ou menos intensa, com avanços e recuos, as políticas de direita levadas a cabo pelos diversos governos, laranja ou rosa, estiveram orientadas estrategicamente para a destruição de tudo quanto de essencial caracteriza a democracia portuguesa resultante da Revolução de Abril.
O resultado está à vista. O grande capital, logrando êxitos consideráveis contra as transformações democráticas – nos planos económico, social, cultural e político – alcançadas com Abril, restaurou grande parte do seu poder e acentuou a subordinação do poder político pelo poder económico.
Com as consequências esperadas. Atraso no desenvolvimento, estagnação económica, agravamento das condições sociais – cortes nas pensões sociais, meio milhão de desempregados, pobreza e exclusão social (quase dois milhões de portugueses, sobretudo idosos, vivem na pobreza).
A evolução do regime democrático e as perspectivas quanto ao seu futuro suscitam as maiores apreensões.
A evolução da democracia portuguesa nas próximas décadas passa por saber se é possível hoje, e se estão criadas as condições para travar e pôr cobro à ofensiva da direita dos interesses, efectivando uma verdadeira ruptura democrática e de esquerda com as políticas e as orientações que conduziram o país à situação de grande precariedade em que este se encontra.
Ou se, pelo contrário, vamos assistir ao afundamento ainda maior da nossa economia, à destruição do que resta do aparelho produtivo , à progressiva degradação da democracia política, com a limitação de direitos, liberdade e garantias dos cidadão, à sucessiva perda de fatias da própria soberania nacional.
Se não formos capazes de resistir e de travar esta ofensiva sem precedentes contra o Portugal de Abril, então, seguramente, teremos pela frente em Portugal um novo sistema socio-económico e um novo regime político, seguramente de cariz autoritário.
Sinal claro desses perigos são as constantes ameaças e sentenças, por parte dos apoiantes da candidatura de Cavaco Silva, contra a Constituição da República, visando não apenas desrespeitá-la mas eliminar-lhe todos os traços de Abril, e uma profunda alteração do próprio sistema político.
Defender e aprofundar o regime democrático, encontrar colectivamente um novo rumo e fazer renascer a esperança num Portugal verdadeiramente democrático e progressista é o imperativo que se coloca hoje a todos quantos não se revêem na actual situação do país.
Na realidade, e em grande medida, joga-se nestas eleições presidenciais o nosso futuro colectivo.
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