A Falsa Sombra Do Professor
Cavaco é um político profissional e a prova disso está na própria mensagem «Eu não sou um político profissional.»
Vamos por partes: a) Cavaco exerceu o cargo de ministro das finanças em 1980; b) em Junho de 1985 é eleito presidente do PSD; c) em Novembro do mesmo ano chega a primeiro-ministro, cargo que só abandonará em Outubro de 1995; d) não levou até ao fim o seu mandato porque preferiu arriscar a candidatura à Presidência da República, tendo perdido estrondosamente para Sampaio; e) conhecedor dos tiques do eleitorado português, Cavaco entrou em hibernação durante esta última década, rosnando aqui e acolá só para lembrar que ainda estava vivo, tendo esta hibernação sido financiada pela sua reforma de político e pelo seu trabalho académico e convém lembrar que aos ex-governantes nunca faltou emprego nas universidades públicas e/ou privadas, nas empresas públicas, na banca ou nas fundações; trata-se de uma espécie compensação tacitamente negociada e incluída no «caderno de encargos» de qualquer máquina partidária e Cavaco não é excepção alguma. Conclusão: Cavaco esteve sempre presente na política, ora no seu hard-core, ora nas suas metástases.
Mas o ex-primeiro-ministro não quer que o reconheçam na pele de político. Porquê? Porque projecta uma sombra de si próprio que não corresponde à realidade? Porque motivo se esforça por criar a imagem de uma austeridade e desinteresse pelas patifarias dos partidos, como que se situasse muito para além de tudo isso? Entregar o cartão de membro do partido ou repetir o mantra «Eu cá não sou político!» são momentos ritualizados de uma encenação de má qualidade. O desinteresse do professor é falso. Cavaco é um animal político, tal como Soares. O que fez Cavaco durante esta última década? Onde estava ele quando a sua intervenção poderia ter sido verdadeiramente decisiva? O homem que agora «não se resigna», resignou-se com a recente tragédia do PSD e com a vitória por KO do PS. O homem que «não se resigna» deixou que a sua criatura, Santana Lopes (sim, sua: foi o professor que o alimentou com os cargos de responsabilidade política que lhe atribuiu em 1986 e em 1991) transformasse o país numa anedota. Se é verdade que «não se resigna», então Cavaco deveria ter aparecido quando, então sim, poderia ter sido a tal personagem providencial: aquando do congresso do PSD que resolveu (mal) o imbróglio da fuga de Durão Barroso, impedindo que a tal «moeda fraca» ascendesse a primeiro-ministro. Isso sim! Isso é que teria sido um murro na mesa! Finalmente, o professor teria oportunidade de provar a sua competência quase sobrenatural, mas desta vez em tempos de vacas magras. No entanto, o homem das «ambições» ficou quieto a ver o circo a ser montado. É natural: afinal de contas ele próprio tem um historial de fuga do governo e, para além disso, estava muito entretido a preparar a sua candidatura à Presidência da República. Nada mau para político amador.
Mas o ex-primeiro-ministro não quer que o reconheçam na pele de político. Porquê? Porque projecta uma sombra de si próprio que não corresponde à realidade? Porque motivo se esforça por criar a imagem de uma austeridade e desinteresse pelas patifarias dos partidos, como que se situasse muito para além de tudo isso? Entregar o cartão de membro do partido ou repetir o mantra «Eu cá não sou político!» são momentos ritualizados de uma encenação de má qualidade. O desinteresse do professor é falso. Cavaco é um animal político, tal como Soares. O que fez Cavaco durante esta última década? Onde estava ele quando a sua intervenção poderia ter sido verdadeiramente decisiva? O homem que agora «não se resigna», resignou-se com a recente tragédia do PSD e com a vitória por KO do PS. O homem que «não se resigna» deixou que a sua criatura, Santana Lopes (sim, sua: foi o professor que o alimentou com os cargos de responsabilidade política que lhe atribuiu em 1986 e em 1991) transformasse o país numa anedota. Se é verdade que «não se resigna», então Cavaco deveria ter aparecido quando, então sim, poderia ter sido a tal personagem providencial: aquando do congresso do PSD que resolveu (mal) o imbróglio da fuga de Durão Barroso, impedindo que a tal «moeda fraca» ascendesse a primeiro-ministro. Isso sim! Isso é que teria sido um murro na mesa! Finalmente, o professor teria oportunidade de provar a sua competência quase sobrenatural, mas desta vez em tempos de vacas magras. No entanto, o homem das «ambições» ficou quieto a ver o circo a ser montado. É natural: afinal de contas ele próprio tem um historial de fuga do governo e, para além disso, estava muito entretido a preparar a sua candidatura à Presidência da República. Nada mau para político amador.
6 Comments:
É bastante acintoso dizer que o lugar académico de Cavaco se deve ao facto de ter sido primeiro-ministro, como se trata-se de um Fernando Gomes qualquer. Cavaco Silva é um professor universitário, que conquistou o seu lugar por mérito próprio há cerca de 30 anos atrás. Até agora os dez anos de politica apenas foram um pequeno interregno na sua verdadeira vida profissional.
Fantástico! Aplausos!
Enquanto político activo foi ministro das finanças, primeiro ministro e candidato à presidência. Enquanto político em hibernação passou todo este tempo pós-derrota a preparar o seu próprio retorno. Reduzir a vida política do professor apenas a 10 anos é seguir a sombra e não o homem.
O personagem fez-se na e para a política. Não tem o direito de renegar agora a sua própria natureza. Académico e homem de obra? Mostrem-me alguma coisa feita por cavaco fora da política
A tua análise à frase e ao que ela representa resulta da apreciação que fazes do homem.
Certo. Homem político, entenda-se...
claro.
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