A Ameaça
Manuel Alegre é a ameaça total nas próximas eleições presidenciais. A sua candidatura surge contra o sistema, sem o ser. E nestas coisas da política o que parece é. E as circunstâncias fizeram dela uma ameaça para todos os candidatos.
Ameaça um Soares politicamente ultrapassado e com uma campanha redutoramente cristalizada em clichés gastos. Ameaça pescar nas águas radicais chiques de Louçã, agora com um atractivo suplementar de poesia para temperar. Ameaça a simpatia e o monolitismo de Jerónimo, a quem é politicamente impossível criticar credivelmente o companheiro anual da marcha do 25 de Abril pela Avenida da Liberdade.
O mais curioso é que até algumas franjas eleitorais que não se enquadram nos aparelhos partidários de esquerda disponíveis no mercado político e insatisfeitas com Cavaco Silva e a sua esfíngica candidatura, se atraiem num certo sentido de pátria de Alegre e na postura contestatária dos arranjinhos partidários de que foi vítima. No meio disto tudo até onde poderá ir Manuel Alegre? Eu que nunca acertei no totobola e por isso desde já apresento esta declaração de incapacidade de prognóstico, digo: se Alegre passar à segunda volta não ponho as mãos no fogo por ninguém.
(Publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)
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