Tentativa De Defesa (Mal Conseguida) De Joana Amaral Dias
1) Compreendo, mas não aceito, as razões que terão levado a Joana colar o caso Luís Miguel Figueiredo à candidatura de Cavaco. Parece-me que a sua intenção terá sido apenas a de rasteirar o candidato e não tanto reflectir sobre a cultura corporativista e auto-proteccionista das forças policiais, que é o que realmente aqui está em causa. Não foi o Cavaquistão que tornou isso possível, mas a longa ditadura de quase 50 anos e da nossa menoridade cívica e da qual teimamos em não sair;
2) Na mesma ordem de ideias também não me parece legítima a colagem que Jorge Ferreira fez de Soares às FP-25. Este tipo de atitude estereliza o debate;
3) Contudo, é óbvio que esta situação tem uma dimensão de responsabilidade política. Ora, justamente o ministro da administração interna de então, Dias Loureiro, afirmou numa curta entrevista dada a uma publicação do «Público», a revista Dia D, que se fosse hoje voltaria a fazer exactamente o mesmo o que fez aquando da crise da ponte 25 de Abril, sem sequer salvaguardar o caso de Luís Miguel Figueiredo! Isto é pura inconsciência política e moral! Um cidadão baleado criminosamente pela sua própria polícia merecia outras palavras do responsável político pelas polícias;
4) Quando li na imprensa que o julgamento em tribunal cível deste caso ía acontecer por estes dias, também tive um flashback mas, ao contrário da Joana, já não encontrei aí o Prof. Cavaco. Na altura, vários sectores viram neste episódio um sintoma de que o PSD se havia descolado da realidade e que governava em roda livre. Um deles foi o próprio Pacheco Pereira num artigo publicado no Público (creio que então até escrevia aos sábados, não era?) que incomodou muita gente. Desse tempo só me lembro de um Cavaco cada vez mais ausente e como um factor de divisão e não de união dos portugueses. O fim do cavaquismo começou justamente aqui, culminando mais tarde com o seu abandono do Governo (precursor de Durão e Guterres...) para se candidatar pela primeira vez à presidência da República.
5) Por último, o caso Luís Miguel Figueiredo é de uma sordidez atroz. Quantos daqueles homens terão dormido em paz todos estes anos? O que disparou, os que encobriram o colega, os comandos que protegeram os seus homens e o ministro que daí lavou as suas mãos? Nem honra, nem justiça...
2) Na mesma ordem de ideias também não me parece legítima a colagem que Jorge Ferreira fez de Soares às FP-25. Este tipo de atitude estereliza o debate;
3) Contudo, é óbvio que esta situação tem uma dimensão de responsabilidade política. Ora, justamente o ministro da administração interna de então, Dias Loureiro, afirmou numa curta entrevista dada a uma publicação do «Público», a revista Dia D, que se fosse hoje voltaria a fazer exactamente o mesmo o que fez aquando da crise da ponte 25 de Abril, sem sequer salvaguardar o caso de Luís Miguel Figueiredo! Isto é pura inconsciência política e moral! Um cidadão baleado criminosamente pela sua própria polícia merecia outras palavras do responsável político pelas polícias;
4) Quando li na imprensa que o julgamento em tribunal cível deste caso ía acontecer por estes dias, também tive um flashback mas, ao contrário da Joana, já não encontrei aí o Prof. Cavaco. Na altura, vários sectores viram neste episódio um sintoma de que o PSD se havia descolado da realidade e que governava em roda livre. Um deles foi o próprio Pacheco Pereira num artigo publicado no Público (creio que então até escrevia aos sábados, não era?) que incomodou muita gente. Desse tempo só me lembro de um Cavaco cada vez mais ausente e como um factor de divisão e não de união dos portugueses. O fim do cavaquismo começou justamente aqui, culminando mais tarde com o seu abandono do Governo (precursor de Durão e Guterres...) para se candidatar pela primeira vez à presidência da República.
5) Por último, o caso Luís Miguel Figueiredo é de uma sordidez atroz. Quantos daqueles homens terão dormido em paz todos estes anos? O que disparou, os que encobriram o colega, os comandos que protegeram os seus homens e o ministro que daí lavou as suas mãos? Nem honra, nem justiça...
4 Comments:
Casos semelhantes a estes repetem-se, todos os dias, e começam a raiar a sordidez...
Estes casos (e principalmente o agravamento recentes, a que temos assistido) têm como suporte a impunidade absoluta de que gozam os governantes e os agentes da justiça, quaisquer que sejam os crimes que cometem.
Como digo, a situação tem piorado muito, nos anos mais recentes, pelo que a quota parte de culpa de Cavaco (que a tem), é ínfima, no conjunto da culpa de todos os políticos.
O que se percebe, o que a gente sente, é que existem oragnizações mafiosas que detêm uma enorme fatia do poder e, com isso, se garantem impunidade (e até "mão de obra" descartável, para as suas actividades criminosas), indiciando que integram a estratégia dos "neo-cons", de usar a destruição social e a violência como forma de ascenderem ao poder.
O actual governo tem demonstrado ser "mais papista do que o Papa", na protecção e no garaantir impunidade e cumplicidade a essa gente.
Até o facto de Sócrates ter usado, descaradamente, a mentira, para ascender ao poder é prova disso...
Quem se utiliza algum caso destes, como arma de arremesso político, faz parte do mesmo "lote" de gente.
Até porque, nestas matérias, não interessam as responsabilidades individuais, porque não são possíveis de estabelecer; interessa sim o que tem de ser feito para que estes casos não se repitam.
Não podemos contar com nenhum dos principais candidatos. Pior: com qualquer deles, corremos o risco de sermos vítimas de semelhantes actos criminosos, na luta, inevitável, para vermos os problemas do país resolvidos de forma digna...
O cavaquismo caracteriza-se não só por opções políticas ou económicas mas também como formas de relacionamento, através da comunicação social, com as pessoas em geral - a frieza, a mentira, a arrogância, o silêncio ou a tentativa de ocultação das situações mais embaraçosas.
Recordo, neste capítulo das minhas memórias do que foi o cavaquismo, a proliferação de casos de polícia, ora ocultados ora desvalorizados pelos agentes do poder e designadamente por Dias Loureiro eterno tropa de choque de Cavaco.
A 30 de Junho de 1994 o Público dava destaque a uma série de histórias de violência policial, nunca averiguadas ou pelo menos sempre sem conclusões. Das balas de borracha disparadas para o ar (Dias Loureiro) que na ponte 25 de Abril, tornaram paraplégico o Luís Miguel (18 anos). O caso de Romão Monteiro (31 anos) cidadão de etnia cigana e alegadamente morto (na primeira versão oficial ter-se-ia suicidado) na esquadra de Matosinhos da PSP. A baladisparada por um agente da PSP numa festa do PS em Ponta Delgada, que matou João Paulo Aguiar (16 anos), e que da respectiva investigação foram identificados os dois agentes que dispararão as balas, mas que foram absolvidos por nunca se ter encontrado o projéctil. A estória de Armindo Reis Tomás (40 anos) casado e com uma filha de 10 anos, baleado enquanto conduzia o seu automóvel por um soldado da Guarda Fiscal, que foi apenas acusado de homicídio por negligência e remetido para um tribunal militar, que nem sequer permitiu à viúva da vítima constituir advogado de acusação. A situação de Alexandre Luís Garvanita (19 anos) estudante universitário abordado nas ruas de Setúbal por um agente da PSP e sem qualquer razão aparente levado para a esquadra, espancado e apelidado de porco angolano e preto abrilhantado por um volta para o teu país, da qual resultou em tribunal o pagamento de 150 contos e umas quantas penas suspensas para os intervenientes. Por último o caso de Paulo Portugal, talhante da Charneca da Caparica, que por contestar uma multa foi espancado, arrastado pelos cabelos, humilhado e metido numa prisão durante uma noite, tendo ficado com traumatismos no crânio e tórax, equimoses nos braços, costas e sobretudo no rosto alegadamente provocadas pelos seis agentes acusados.
Mas estes eram só os casos que o Público do dia 30 de Junho de 2004 relatava. Uma leitura mais detalhada, obrigar-nos-ia a reler os inúmeros casos, que a Amnistia Internacional ia descrevendo nos seus relatórios anuais sobre Portugal,e que contavam com o silêncio colaborante dos governantes e de Cavaco.
Amigo Rand...
O que diz aplica-se a TODOS os políticos e governantes deste País. Estamos em plena "gestão" socialista e a amnistia diz que as violações dos direitos humanos, nas prisões piorou consideravelmente. Se tivermos em conta que se mandam para a prisão, com a maior facilidade, inocentes, como num caso recentemente noticiado pela SIC, como no caso da Joana, como no Processo Casa Pia, como eu conheço vários outros casos concretos, está a ver o panorama...
Os casos mais escabrosos ficam sempre por investigar e por punir, seja qual for o governo (ou o presidente).
O que eu acho pérfido, nestes argumentos é o facto de serem usados em campanha, apenas como campanha, porque indicia que, quem os usa, não está interessado em que se resolvam, em que acabem. Cavaco não presta para presidente. Mas os que cometem esses crimes abomináveis "comem com todos". Neste preciso momento estão "a comer à mesa com Sócrates", gozando de mais protecção e cumplicidade do que tinham com Santana.
Aliás, a situação chegou a um ponto tal que não será possível invertê-la sem um forte apoio da população... de toda a população. Dentro do espectro político, tal como ele está hoje, não haverá solução para "isto". Mas a solução urge! Por isso eu defendo que deve ser valorada a abstenção. Há que ter em conta, em tudo, a opinião da maioria da população. Só assim se poe lá chegar... Você vê algum candidato que divulgue essa ideia? Todos eles são suficientemente presunçosos e tacanhos para acharem que, desde que o tacho lhes pertença, tudo o que está passa a estar bem. Afinal de contas todos se acham "messias" não é só o Cavaco... e todos se podem transformar em facínoras, responsáveis por estes casos escabrosos... basta serem eleitos.
Ó Biranta, mas ainda não nos explicou como pode ser e com que consequências valorizada a abstenção! Vá lá partilhe connosco essa solução. Eu, pessoalmente, estou muito curioso. Aguardo.
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