O Arrependido

O candidato presidencial Cavaco Silva afirmou que é necessário cuidado com as privatizações e que é necessária prudência na transferência de centros de decisão nacional para o estrangeiro. Os seus Governos desencadearam, para quem não se lembra, um forte movimento privatizador (excelente!), abrindo à iniciativa privada empresas e sectores económicos que haviam sido (mal) nacionalizados ou que eram interditos à iniciativa privada (como por exemplo a comunicação social).

Mas seria importante fazer hoje um balanço do que o país ganhou com esse movimento privatizador, sector a sector. É que as privatizações de Cavaco Silva foram um impulso sem estratégia nem rumo. Houve de tudo: privatizações a sério, meras devoluções de empresas a antigos proprietários disfarçadas por concursos públicos, e transferências de empresas para o estrangeiro dando milhões a ganhar a muitos intermediários financeiros que apenas queriam ser uns Sorozinhos domésticos.

Do discurso actual do candidato resulta um assomo de arrependimento, que pela nossa parte bem compreendemos, mas que custou muito caro ao país. E aí nem o PS pode falar. Uma vez no poder encolheu-se, aceitou e até ajudou à festa nalguns casos.

Um bom tema para assinalar a comemoração da recuperação da independência nacional nos idos de 1640.

(publicado no Democracia Liberal)