O Eleito

sábado, dezembro 31, 2005

E Está Tudo Dito

"Fiz a escolha que achei mais adequada para o País. Mário Soares foi um Presidente que soube ouvir o povo e tem grande prestígio internacional. São essas as qualidades principais de um Presidente".

"Fiz a escolha" - diz Sócrates. E está tudo dito. A dúvida é: o que diriam agora aqueles que vêem Mario Soares como Presidente ideal (Vital Moreira, Medeiros Ferreira & C.ª) se Sócrates tivesse escolhido um outro candidato? Tenho um palpite: diriam que qualquer outro candidato é melhor do que Cavaco Silva. E, de novo, estaria tudo dito.

Que 2006 Seja Um Dia Recordado Como Um Dos Melhores Anos De Sempre


FELIZ ANO NOVO!

Irregularidades


A teoria da conspiração de Luís Bonifácio [«A rejeição das candidaturas de cidadãos independentes cheira a esturro.»] não colhe. A verdade é que, quer se seja independente ou não, há normas que devem ser cumpridas por todos os candidatos. Ora, o DL 379-A/76, de 3 de Maio, regula a eleição para a Presidência da República. Não obstante, alguns dos candidatos apresentaram irregularidades nas respectivas candidaturas. Estas irregularidades estão discriminadas no Acórdão n.º 722/2005 do Tribunal Constitucional.
Assim, lê-se no Acórdão, que é público, que as candidaturas de Garcia Pereira, Cavaco, Alegre, Soares, Jerónimo e Louçã se encontram em condições de serem admitidas por conformes com a lei; que à candidatura de Diamantino Maurício da Silva falta, entre outros documentos, certidão de nascimento e certidão de inscrição no recenseamento eleitoral, ambos relativos ao candidato; que o candidato Josué Rodrigues Gonçalves Pedro não foi proposto por nenhum cidadão eleitor, para além do próprio candidato [!]; lê-se que Maria Teresa Lemos Lameiro não fez constar todos os elementos de identificação da candidata nas declarações subscritas por cidadãos eleitores. Quanto a Manuela Magno, as propostas relativas a 1.016 dos proponentes não vieram acompanhadas das certidões de recenseamento emitidas pelas respectivas juntas de freguesia; no que respeita a Carmelinda Pereira, a candidata só foi proposta por 2.200 cidadãos eleitores e, destes, 192 não fizeram acompanhar as propostas das certidões de recenseamento emitidas pelas respectivas juntas de freguesia (no caso de Luís Filipe Guerra, foram 1.007). Por último, Botelho Ribeiro foi proposto por apenas 2.365 cidadãos eleitores e, destes, 1.554 não apensaram a respectiva certidão de recenseamento emitida pela junta de freguesia.
Como é bem de ver, estas rejeições não foram motivadas meramente por «falta de certificados de eleitor», como afirma o Luís Bonifácio.
Os candidatos foram devidamente notificados para suprirem as irregularidades do processo de candidatura. Se restituirem as suas candidaturas à conformidade com o DL 379-A/76, serão tão candidatos quanto aqueles que não cometeram irregularidades. Caso contrário, não o serão. A lei é igual para todos. Ponto. Terça-feira será anunciada a decisão.

Jaz Morta E Aprodece

A rejeição das candidaturas de cidadãos independentes cheira a esturro.
Esta rejeição, motivada por "Falta de certificados de eleitor", documento emitido pelas Juntas de Freguesias, traz-nos à memória o pior da 1ª república, onde as juntas de freguesia só emitiam atestados de residência (Documento necessário para o recenseamento eleitoral) a quem pertencesse ao partido que a controlava.
Nunca nesta 3ª Republica, um cidadão não comprometido com o Polvo Partidário, conseguiu que ver uma candidatura sua aceite pelo Tribunal Constitucional.

É estranho.
É imoral.
É uma farsa.
E poderá muito bem vir a ser letal

Pobre República que Jaz morta e apodrece.



Publicado também no "Nova Floresta"

sexta-feira, dezembro 30, 2005

Imprensa (30-12-2005)

(A pedido do David. Vamos ver como é que isto sai...)

Manuela Magno recorre de rejeição de Candidatura
Eanes elogia ideias de Cavaco
Alegre ao lado dos sacrificados de Sempre
Soares louva actuação do Governo
Sete Candidaturas rejeitadas pelo TC
Freitas questiona se Europa deve ter Constituição
Associações de Surdos queixam-se a Louçã, que responsabiliza o Sistema Educativo
Alegre não queria as suas faltas (no Parlamento) Justificadas
Jerónimo diz: "Não levo o projecto do PCP para Belém"
Alegre diz-se discriminado pelas Televisões
Cavaco e Sampaio, em sintonia...
Cavaco alerta para dados da pobreza infantil
Souto Moura não adia "Apito Dourado"...
Garcia Pereira: "Estado Viola a Lei Laboral"
Criada nova Autoridade Fiscalizadora da Cadeia Alimentar
Sócrates sofre acidente, a esquiar, na Suiça
Sócrates muda gestores
Défice da Administração Central cresce 21% até Novembro
Trabalhadores da RTP e RDP em greve
Portagens e Combustíveis vão aumentar
Garcia Pereira contra Soares e Cavaco
"Lisboa/Dakar" começa amanhã

Uma Ideologia De Tipo Novo

Se Cavaco Silva vencer as eleições presidenciais, como neste momento tudo indica, Portugal será o berço de uma nova ideologia: o socialismo presidencial. Moderado, como o autor. Atraente, como as boas vacuidades. Perigoso, como todos os socialismos.

Veja-se só a lógica. Por cada problema que o Professor detectar, sugere-se aos desleixados socialistas no poder mais um lugarzinho de Secretário de Estado. Para fazer assim de uma espécie de oficial de ligação. De ajudante de campo.

As reuniões das quintas-feiras em Belém poderão transformar-se no paraíso dos burocratas e no Olimpo da despesa pública. Cada vez que Sócrates entrar no Palácio, filas de mangas de alpaca estarão dependurados nos beirais, esperando em ânsias o fumo branco.

Para os que defendem o presidencialismo, este estilo, que não passa inconsequentemente disso, é um fartote. Para a oposição, este estilo será um maná para os dispensar de a fazer. Para o Governo, este estilo será um descanso, porque precisa de álibis como de pão para a boca.

Eu sei que é preciso uma certa lata, mas ainda assim atrevo-me a desejar aos leitores um excelente Ano de 2006.

(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Já Se Percebeu


Que Manuel Alegre já percebeu que as máquinas trituradoras estão a funcionar em pleno. É o Bloco, senhores. O Central.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Nada Se Perde, Nada Se Cria, Tudo Se Transforma

Chegou fresquinha à caixa de correio d'O Eleito a «Declaração De Transformação Da Candidatura Num Movimento De Pensamento E Valores», de Botelho Ribeiro.

A Fama Dos Candidatos-Bandido Chegou Ao Mundo Das Apostas


O portal de apostas Betandwin retirou da bolsa de apostas os nomes dos candidatos às eleições presidenciais. Nada de novo. Mas quem quer apostar que se anime: o portal Betfit também contém bolsa de apostas sobre presidenciais: Cavaco Silva, Mário Soares, Manuel Alegre, Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã, Garcia Pereira, Teresa Lameiro, Luís Filipe Guerra, Manuela Magno, Josué Pedro e Diamantino da Silva são os nomes apontados.
Mas há mais [e aqui o portal é verdadeiramente inovador]: pode-se apostar, na secção «Políticos em Tribunal» em quem será condenado! Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras e Isaltino Morais! É caso para dizer que os juízes do processo estão muito bem colocados para ganhar um extra.

O Excesso Mata

As reacções do PS e de Mário Soares à gaffe de Cavaco Silva ontem no caso da Secretaria de Estado revelam um excesso que se pode virar contra eles próprios. Golpe de Estado constitucional diz em delírio político um absurdo PS! Cada vez que fala mete o pé na argola, diz Soares. Bem, onde é que Soares terá metido o pé no episódio da reacção às declarações de Ribeiro e Castro?

Bom Ano Novo!

Vou de férias. Estou de volta no dia 2 de Janeiro. Até lá: UM BOM ANO NOVO!
[PS: se alguém tiver a gentileza de ir editando os apontadores da secção «Imprensa» enquanto não volto...]

Pacheco, O Linebacker

Há quem diga que o candidato Cavaco é tão bestial que nem precisa que o defendam. Os últimos acontecimentos são prenúncio de que a soberba é sempre má conselheira.
Quem é muito experiente nestas coisas não se fia na infalibilidade do homem. O Pacheco Pereira sabe que o professor precisa de guarda-costas da argumentação. Esta mania de ler os jornais atrasados que ficam esquecidos na pasta, no quarto, na sala, no carro, no WC e tudo quanto é lugar, levou-me a reler um artigo de Pacheco Pereira (Público de 15 de Dezembro) dedicado às presidenciais. Bem... na verdade dedicado a Francisco Louçã. Diz aí o Pacheco: «O Mundo de Louçã, que é transparente para quem conheça as suas posições, é obscuro para quem apenas o ouça a fazer grandes debates e para a maioria das audiências que o conhece apenas da televisão e da propaganda». Até concordo, mas se o texto dissesse qualquer coisa como «O Mundo de Cavaco...» concordaria ainda mais! Pacheco deve saber o que diz e deve saber ainda mais o que não diz. Em abono da verdade teremos de reconhecer que o que é dito sobre o bloquista não traz nada de novo, quase tudo o que é dito com alguma relevância é reversível para qualquer outro candidato. Mas o que terá levado o magnífico Pacheco a dedicar uma crónica ao Francisco Louçã? A resposta está no cenário: Cavaco não saiu lá muito bem tratado da escaramuça que teve com o líder bloquista, tendo ainda por cima o debate decorrido no terreno do professor: a economia. Cavaco saiu ferido pelas armas que ele próprio havia escolhido. É aqui que aparece Pacheco Pereira a desempenhar as funções de Left Linebacker do futebol americano, executando, num belíssimo mas ineficaz gesto técnico, um clipping (cortar a corrida do adversário lançando o próprio corpo às pernas deste). Contudo, Louçã parece estar em forma.

O Resto É Treta!

O pensamento por detrás da proposta de Cavaco Silva pareceu-me óbvio (ao Adolfo também) pelo que não houve nada de muito original: a nossa política fiscal é desajustada de tudo. Inimiga do investimento, do consumo, da riqueza. É má, é péssima e só se justifica realmente por termos governantes que acham que têm o direito de ser os gestores da nossa riqueza e de decidirem o que é melhor para o bem comum (brrr...que arrepio).
Cavaco constatou aquilo que qualquer razoável economista consegue constatar. Foi no entanto, como tem sido, um dos poucos com coragem de o dizer publicamente, numa linguagem simples e com propostas, não criticando por criticar. É preciso um novo rumo para a nossa política fiscal. Não sei se de choque, já!, ou pouco a pouco, ajustando. Mas precisa. E Cavaco disse que precisa. Mais do que qualquer polémica sobre competências de quem quer que seja (alimentadas (e bem) aqui e aqui, por exemplo), Cavaco falou verdade e propôs algo concreto ao Governo, baseando-se em experiências bem sucedidas que conhece de outros países. O resto é treta.
Tiago Alves

Imprensa (28/12/2005)

Venire Contra Factum Proprium Em Superlativo Absoluto Sintético


«Não sou fixe. Sou fixíssimo!»
Mário Soares, ontem

Competências

Cavaco Silva percebe de economia. Se percebe muito ou se é apenas “razoável” não interessa. Concordemos apenas neste ponto : Cavaco Silva percebe de economia.

Assim, a minha pergunta é :

Mário Soares percebe de quê ?
Manuel Alegre percebe de quê ?

(não vale responder com poesia, cidadania global, membros do partido popular europeu e água)

A Mãe De Todas As Ingerências

Num dos debates, Manuel Alegre disse que dissolveria o parlamento se a privatização da água fosse aprovada, porque "a água é um direito". Eu compreendo que face à insignificância da candidatura a questão da ingerência e a questão do disparate tivessem passado um bocadinho ao lado, mas acho que deveria ser usado o mesmo rigor analítico e o mesmo disparatrómetro na análise as diversas propostas dos vários candidatos. Independentemente de um ser quase Presidente e outro ser quase um rodapé de uma página.

Ingerências

Cavaco Silva esteve de facto mal, mas foi quando se tentou justificar. Não quando sugeriu a criação de uma Secretaria de Estado.

Mesmo que não se concorde com a sugestão, e eu tenho muitas dúvidas sobre a sua bondade, o que ele disse na entrevista ao JN, (“Já o estou a propor aqui.”), está COMPLETAMENTE dentro das competências de um Presidente da República. Ou melhor dizendo, de um futuro Presidente.

Ou porventura não é competência do Presidente expor ao Governo as suas ideias e o que ele gostaria de ver no país ? Quando Jorge Sampaio disse que “há mais vida para lá do défice” estava a fazer o quê ? Ou a política económica e financeira não é exclusiva competência do governo ?

terça-feira, dezembro 27, 2005

O Presidente Ideal

Parece que para algumas das candidaturas presidenciais, o ideal seria que o próximo Presidente da República de Portugal não percebesse nada de economia ou que, percebendo, fingisse que não percebia. E já agora, se não fosse pedir muito, que também jurasse não abrir a boca mesmo no caso da actuação do Governo vir a hipotecar o país. Ou muito me engano ou estão aqui estão a dizer que o ideal seria não haver Presidente.

Mário Soares Sem Ter Dormido A Sesta


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[via Tau Tau]

A Proposta Em Si


A proposta feita por Cavaco Silva em si mesma, é reveladora do tipo de político que ele é e que muitos teimam em não querer reconhecer. É um socialista, embora moderado, que como tal acredita que o Estado tudo deve vigiar e acompanhar. É um socialista, embora moderado, porque para cada problema que vislumbra na sociedade ou na economia, dá a resposta de criar uma Secretaria de Estado. Quem não recorda o seu Governo gigantone, cheio de ministros e de ajudantes, como então chamava aos Secretários de Estado? É um socialista, embora moderado, que acredita que as empresas estrangeiras devem ter um guichet de luxo no Governo. Quanto às empresas portuguesas, que se governem no "atendimento geral"...
(Na foto: burocratas assírios de 745-727 A. C.)

Pior A Emenda Que O Soneto

Cavaco Silva desmentiu agora ter dito o que o Jornal de Notícias colocou em discurso directo na sua boca.

A entrevista, nesta parte, reza assim:

Problema grave é o da deslocalização de empresas estrangeiras. Nessa matéria, o presidente pode ajudar?

Há uma coisa que pode ser feita em Portugal, que eu sei que já foi feita noutros países. Podia existir um responsável do Governo que fizesse a lista de todas as empresas estrangeiras em Portugal e, de vez em quando, fosse falar com cada uma delas para tentar indagar sobre problemas com que se deparam e para antecipar algum desejo dessas empresas se irem embora, para assim o Governo tentar ajudá-las a inverter essas motivações. Tem de ser um acompanhamento com algum pormenor que deveria ser feito por um secretário de Estado especialmente dedicado a essa tarefa.

Vai propor isso ao Governo?

Já o estou a propor aqui.

Onde é que isso foi feito?

Na Áustria, em relação a empresas que queriam mudar para outras paragens. Mas também noutros países, tenho a lista completa. Por outro lado, o investimento estrangeiro em Portugal está muito bloqueado. O presidente não pode fazer alguma coisa para ajudar a desbloquear? Se ajudar a aumentar o clima de confiança já faz alguma coisa. Esta é a fase em que Portugal devia concentrar o investimento estrangeiro nas chamadas médias empresas e internacionalizar.

Hoje, disse isto:
"Eu não sugeri a criação de um secretário de Estado nem defendi a criação de nenhuma Secretaria de Estado. Apenas contei histórias de sucesso que ocorreram em outros países".

Não sei se isto é dormir com o inimigo como se lamenta o João. Sei apenas quatro coisas. Primeiro: que a alegada superioridade política de Cavaco em relação aos outros candidatos não existe realmente. Diz que não disse o que disse. Demasiadamente venal para quem se arroga tanta pairança sobre os terráqueos. Segundo: que, a ter-se passado tudo assim, Cavaco Silva revela leviandade nas afirmações que produz. Ou nas primeiras ou nas segundas e isto para ser bem educado... Terceiro: que, afinal, o candidato tem uma diferença em relação ao Primeiro-Ministro, pelos vistos engana-se... Quarto: ao contrário do João, não acho irrelevantes as explicações, do ponto de vista da consistência, da coerência e da verticalidade do discurso político do candidato. Questão diferente é gostarmos ou não do que elas revelam.

Ao José Raposo

Ao vivo. O video com as declarações de Mário Soares que abaixo reproduzi e comentei.

Os Números Do Atraso


Apenas um em cada quatro patrões portugueses, no ano passado, era licenciado ou tinha completado o ensino secundário. Na vizinha Espanha, dois em cada quatro. Aqui está a resposta à pergunta recente de Cavaco Silva «Por que é que Portugal não apresenta níveis de crescimento idênticos aos de Espanha? Porquê?». Porque, sucessivamente, o comboio da qualificação tem-nos chegado atrasado. E Cavaco é um dos co-responsáveis.

Palpite


Depois das últimas declarações do candidato Cavaco Silva, julgo que o seu núcleo duro vai sugerir-lhe o regresso ao paraíso dos silêncios abandonados. A coisa estava a correr tão bem até ele falar!
(A imagem foi pilhada no Azelhas do Mar)

Grau Zero

"Jornalista: Ficou chocado com aquilo que disse o líder do PP?

Mário Soares: Não, não foi o lider do PP que disse isso. E aquela coisa que me referi, do terrorismo, foi o líder do CDS que disse isso, dr. Ribeiro e Castro, que é uma coisa inaceitável e impossível. Ele diz aquilo... ele é, ainda por cima, deputado do Partido Socialista... um dos grandes grupos do Partido Socialista é o Partido Socialista... o Partido Socialista Europeu... Imagine lá como é que ele vai entender-se com os colegas do parlamento a dizer dessas coisas aqui no plano interno... E é feio, não é bonito e... é uma pena que seja um dos mais entusiásticos, senão o mais entusiástico, apoiante do dr. Cavaco nesta eleição."

Talvez devido ao encurtamento do número de páginas dos jornais face ao esvaziamento noticioso da quadra, este episódio com Mário Soares tem passado sem crítica ou beliscadura na comunicação social. Cumpre admitir que, fôra Cavaco Silva a fazer um número destes e não se falaria de outra coisa durante vários dias.

Repito: apesar de nunca ter votado em Soares (a mim não se aplica a célebre frase do candidato segundo a qual todos os portugueses já votaram nele pelo menos uma vez na vida), acho que ele tem um lugar único na história da democracia portuguesa e nutro o maior respeito pessoal por ele. É verdadeiramente confrangedor e constrangedor sermos sujeitos a estes desempenhos de alguém de quem gostataríamos de guardar melhor recordação.

Sugestões De Boa Vontade

Dada a falta de assunto óbvia de que padecem os candidatos presidenciais, não resisto a deixar aqui algumas sugestões para animar o debate:

1. A influência da deslocação dos malares no processo degustativo natalício e consequente teoria política sobre o estomâgo presidencial;

2. O papel de Sá Leão, Ruth Marlene e Arlinda Mestre como mandatários para a Juventude em substituição de Pacman, Katia e Joana;

3. Sarau no Chiado para recitar os grupos políticos do Parlamento Europeu com referência cromática para simplificar;

4. Fazer uma brincadeira trocando os actuais líderes de partidos portugueses de partido. Exemplo: criticar Jerónimo como se fosse líder do CDS sem burka, criticar Louçã como se fosse o líder do PCP sem foice, criticar Sócrates como se fosse líder do PSD (embora esta seja muito aparentada com a realidade) e criticar Ribeiro e Castro como se fosse líder do PP (esta sim, verdadeira magia);

5. Fazer um brainstorming sobre a imagem dos candidatos com um grupo constituído por um representante dos voluntários que trabalham nas respectivas sedes de campanha.

Isto, sim, era debate a sério...

Imprensa (27/12/2005)

Inversão


Na próxima campanha para eleições legislativas em Portugal, proponho que o tema central da discussão política seja o modo como o Primeiro-Ministro há-de presidir ao Conselho de Estado, as circunstâncias em que poderá dissolver a Assembleia da República e demitir-se a si próprio, de que forma deverá presidir ao Conselho Superior de Defesa Nacional e exercer as funções de Comandante Supremo das Forças armadas, bem com a melhor forma de ser gerida a função de grão-mestre das ordens honoríficas portuguesas.

Pequena História (2ª Parte)

- Ó sotôra! As suas colegas continuam a dar-me negas!
- Não te preocupes, já te expliquei que a Matemática é que conta…
- Mas a sotôra de História diz que eu não distingo um infante dum elefante; e a de Português diz que eu sou um “analfabeto funcional”… o que é que isso quer dizer?
- Quer dizer que ela não sabe o que é mesmo importante. Fazer contas bem feitas. Isso sim, é o que nós precisamos na vida.
- Mas agora todos gozam comigo!
- Faz de conta que não dás por eles. Olha para cima, põe um ar superior e não respondas a nada do que te digam. Manda-os ler livros, se te chatearem. E, claro, continua a fazer-me queixas deles todos.
- A sotôra acha mesmo que ainda vou conseguir ser alguém na vida?
- Com esse jeito para as contas, tu vais longe. Não duvides, Anibalzinho!

Pequena história para entreter os miúdos, contada pelo Luís do AspirinaB
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Uns anos mais tarde, graças ao seu jeitinho, Aníbalzinho formou-se e começou a perceber razoavelmente de contas. Esse razoável entendimento, que não chegou para o Nobel, serviu-lhe porém para colocar o seu País a criar riqueza durante 10 anos. Essa riqueza foi sendo re-distribuída pelos seus antigos colegas de escola, os que gozavam com ele, todos homens cultos e sabidos das ciências humanas, das artes e do espectáculo, sob a forma de subsídios, para ver se eles não iam para debaixo da ponte.

Tiago Alves

Sobre As Campanhas

"A questão é quem a deve pagar. Todos nós, é a resposta correcta. Todos beneficiamos com a democracia. Mas seria necessário ser essencialmente através de impostos? A nova lei tornou muito mais restritiva a participação de cidadãos e empresas no financiamento das campanhas eleitorais e dos partidos.

"A democracia beneficia todos. Assim sendo, é incompreensível que cidadãos e empresas estejam limitados a contribuir para campanhas eleitorais - na prática, para a realização de actos eleitorais.

Helena Garrido, no editorial do DN
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No dia em que são revelados os valores envolvidos na campanha Presidencial, alguém vem para praça pública defender que o Estado deve subsidiar as campanhas. Não é incorrecto. Todos beneficiamos com a democracia, é verdade.

Mas isto é incompreensível para o cidadão português comum que, entre outras características (ser do Benfica ou gostar de bacalhau), fica em casa no Domingo das eleições. Não é simples? Como é que se pode explicar a uma população que não exerce o seu papel na democracia, que muitas vezes não acredita nela e nos seus protagonistas ("isto só com 30 Salazares!!"), que deve ser ela a pagar as campanhas dos candidatos e dos partidos ("aqueles malandros, sempre a encher o ** deles!!")?

A lei de financiamento das campanhas talvez tenha sido um passo atrás. Estabelecer tectos máximos, impedir financiamentos alheios, etc. são desincentivos à guerra democrática. E ela é salutar. Além disso, de quem é a maior parte do dinheiro? Não é de todos. É dos partidos. É das quotas dos partidos e de donativos particulares de alguém maior e com plena capacidade jurídica, a quem não pode ser negada a intenção de dar dinheiro a alguém. Se esses donativos obrigarem a contrapartidas lesivas para todos nós, aí sim, firmeza e dureza. Mas se não, deixai-os andar. E preocupai-vos mais em credibilizar a democracia e a política, para que os Domingos de eleições se tranformem, de novo, em romarias até às Juntas ou até às escolas, para colocar a cruzinha.
Tiago Alves

Apanhados Presidenciais (II)

Então agora o putativo Presidente já quer interferir na orgânica do Governo, justamente a única competência exclusiva do Governo de acordo com a Constituição em que não quer mexer? Mais ajudantes para quê? Para mais despesa pública? Mais burocracia para quê? Os Governos têm é de encurtar e não de aumentar. Ah!, um verdadeiro socialista mostra as suas garras...

Apanhados Presidenciais (I)

Este é certamente mais um exemplo de contenção na despesa e de rigor financeiro, no sentido de contribuir para tornar Portugal um país relevante, comparável à Califórnia.

Pequenas Reflexões Sobre Eleições Em Portugal

"[...] No Parlamento não está a representação nacional, está a representação oficial; não está uma representação espontânea, nobre e sentida, está uma representação ensinada e assalariada. O governo pode contar com essa, porque a educou, e porque a afeiçoou a si; o governo a maioria são como duas figuras duma tragédia, que se falam e replicam, de há muito ensaiadas nos bastidores [...] Aquela representação não é nacional, é ministerial: não representa o povo que a rejeita e que a censura, representa simplesmente os homens que lhe dão os cargos opulentos e os estipêndios largos; a maioria é o corpo diplomático do governo; ele trá-la ostentosa e bem fardada, e engorda-a com a magreza do povo ..."
[Eça de Queiroz, in Distrito de Évora, 14 Março de 1867]

Não podia estar em maior desacordo com a aplicação deste texto de Eça de Queiroz, à actual situação de Portugal. As situações não são comparáveis.
No Portugal de Eça, o Voto era masculino e censitário (Quem pagava impostos), e a lei eleitoral mudava a cada eleição. Quem dominava era o cacique local que influenciava o resultado eleitoral de modo a garantir a eleição do Partido que nesse momento mais o beneficiava.
Apesar disso em 1894 o recenseamento eleitoral incluía 950 000 eleitores que correspondiam a 85% da população masculina de Portugal maior de 21 anos, a única com direito a voto.

Na primeira República o panorama foi muito pior, o recenseamento era mais restrito. Nas eleições de 1913 apenas existiam 400 000 eleitores recenseados (menos de 50% que em 1894, para uma população 50% superior) e a taxa de abstenção foi de 62.5%, (150 000 votos expressos) nas restantes eleições o número de cidadãos recenseados nunca ultrapassou os 600 000, excepção feita ao consulado de Sidónio Pais em que o número de cidadãos recenseados chegou aos 900 000, com uma taxa de participação de 57% (510 000 votos expressos) – mas convém referir que nesta eleição, os boletins de voto apenas continham uma única opção, Sidónio Pais!
Nada mau para um regime que gritava: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Durante o Estado Novo, foi o que se sabe, as eleições eram uma fantochada, em tudo semelhante às eleições da 1ª República.

Até ao 25 de Abril, o texto de Eça, escrito em 1867 assenta como uma luva (No Parlamento não está a representação nacional, está a representação oficial […] Aquela representação não é nacional, é ministerial: não representa o povo que a rejeita e que a censura, representa simplesmente os homens que lhe dão os cargos opulentos e os estipêndios largos)

A partir de 1975, o panorama mudou totalmente, o recenseamento eleitoral não possui qualquer restrição (apenas a da idade) é obrigatório por lei, e as eleições são inteiramente Livres.

A partir de 1975 o Parlamento eleito, é-o por todos os Portugueses sem excepção. Quem não se dá ao trabalho de se deslocar às assembleias de voto, para exercer o seu direito, não pode vir depois criticar, que os Deputados são preguiçosos, não fazem nenhum, são de péssima qualidade, etc. e tal.
Isto não quer dizer que o sistema seja perfeito, longe disso!
A representatividade actual não é a ideal, certas figuras de cartaz, são-no até ao dia das eleições, pois a seguir rumam aos seus postos bem remunerados e deixam a cadeira a algum funcionário partidário desconhecido.
O sistema actual gerou Políticos incompetentes, mas nós Portugueses, continuamos eleição atrás de eleição, a votar nesses mesmos incompetentes, dizendo entre dentes “eles são todos iguais”, e suspirando que num dia de nevoeiro, alguém caia de pára-quedas e tome as medidas há muito ansiadas, mas nunca desejadas pela Nação.

O que se pode ainda dizer é:
No Parlamento está a representação nacional, mas esta representa simplesmente os homens que lhe dão os cargos opulentos e os estipêndios largos!


No próximo mês de Janeiro ninguém vai cair de pára-quedas.


Publicado também no "Nova Floresta"

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Os Pontos Dos «iis»

«O God, I could be bounded in a nutshell and count myself a King of infinite space»
Hamlet, II, 2 [cit. por J.L.Borges n'O Aleph]

1. O debate é um incómodo, eu sei. Coisas há que gostariamos de não ter de ouvir, eu sei. Outras gostariamos de ter não dito, eu sei. Podemos evitar isto de uma forma muito simples: bastava falarmos apenas para a nossa própria tribo. Aí não teriamos destas dores de cabeça.

2. A propósito de tribo: nunca assumi que o Salvador fosse um representante da direita, embora o título de um post seu e as dores que assumiu assim o possa sugerir. Continuando no item tribo: Ribeiro e Castro disse (e passo a citar): «a origem do terrorismo está na esquerda». Esta proposição por si só quer dizer o seguinte: todo o «terrorismo» se encontra incluído na categoria «esquerda», ou seja, formalmente apenas se poderia referir a parte da esquerda. Contudo, temos aqui dois grandes problemas: o primeiro tem a ver com a premissa de que «todo o terrorismo é de esquerda», sobre a qual o meu amigo teve a honestidade de reconhecer que não é materialmente válida, dado que concordou comigo sobre a existência do terrorismo de direita (embora tenha, inexplicavelmente, tentado desvalorizar o facto, de onde posso, com toda a legitimidade, questionar os pesos e as medidas por si usadas). Logo, Ribeiro e Castro estava errado; o segundo problema já é de natureza diversa: estas declarações foram feitas num determinado contexto e para um determinado auditório e, como é natural, Ribeiro e Castro não procurava em tal ocasião reflectir sobre a natureza do terrorismo, mas tão somente seduzir o auditório, conduzindo-o a uma identificação entre as categorias «esquerda» e «terrorismo». Infelizmente este é um procedimento muito comum no discurso político, que é a de usar fórmulas potencialmente equívocas que permitam contrabandear a mensagem renegando-lhe depois a paternidade. Se Ribeiro e Castro foi mal interpretado, então que venha a público explicar-se e esclarecer que apenas pretendia dizer que «algum terrorismo teve origem em alguma esquerda». É claro que só não o faz porque este discurso já não é tão eficaz para os fins que almeja. Seria muito positivo que o líder partidário esclarecesse melhor o que pretendia dizer, se é que pretendia dizer algo diferente daquilo que foi genericamente interpretado. Já não é uma questão de mera clarificação argumentativa, mas uma questão de moralidade, dado que neste momento parece que tentou rentabilizar demagogicamente o sofrimento e o terror a favor da sua conveniência política.

3. E já que estamos em matéria de esclarecimentos gostaria de saber se Cavaco Silva se revê nestas polémicas afirmações de tão destacado apoiante. Atrevo-me a antecipar a resposta do candidato: «Não comento declarações de líderes partidários.»

4. Lamento muito que não ache útil continuar o debate neste fórum. Aquilo que agora o afasta de nós, foi precisamente o mesmo que o aproximou de nós: o desacordo. Se foi convidado para se juntar à trupe foi precisamente porque defendia pontos de vista próprios e bem diversos dos meus ou do Pedro. Repare bem: só se pode dialogar com quem é diferente de nós e é por isso que cá está, tal como o Biranta, como o João ou o Tiago. Espero que reconsidere a sua posição (isto também é válido para o Karloos) até porque parece haver muito para debater. A única coisa que posso prometer é que serei sempre um moderador imparcial (creio que isso nunca esteve em causa) e um adversário franco e leal. Mas nada dócil.

Imprensa (26/12/2005)

Sorteio - Comentários

Segundo a Lusa, e contando que todas as candidaturas serão aceites, os candidatos de dia 22 estarão dispostos no boletim por categorias, para facilitar a escolha:
Os Independentes mesmo:
1-Diamantino Maurício da Silva
2-Josué Rodrigues Gonçalves Pedro
3-Teresa Lameiro
O extrema-esquerda se-eu-fosse-aos-debates-dava-uma-coça-neles-todos:
4-Garcia Pereira.
A professora mobilizadora:
5-Manuela Magno
A extrema-esquerda se-eu-fosse-eleita-nacionalizava-tudo-e-tirava-Portugal-da-UE:
6-Carmelinda Pereira
O humanista que não sabe o significado da palavra liberal:
7-Luís Filipe Guerra
Os com ideias:
8-Aníbal Cavaco Silva
9-Luís Botelho Ribeiro
Os candidatos contra o Aníbal (não por ordem de chegada, nem por ordem de idade):
10-Francisco Louçã
11-Manuel Alegre
12-Jerónimo de Sousa
13-Mário Soares
Tiago Alves

A Votos

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sábado, dezembro 24, 2005

Visãozinha Maniqueísta, Terrorismo, EUA, Israel, Cavaco E Salazar, Ribeiro E Castro, Imbecil, Ou Apenas O Fim Da Linha II

Neste blogue já tive que ler que o 11 de Setembro foi engendrado pelos EUA. Já tive que ler que a CIA era uma organização nazi. Já tive que ler que Cavaco Silva era parecido com Salazar. Já li, escrito pelas mesmas pessoas, que Cavaco Silva não dizia nada e que falava demais. Ora, em muitos casos, onde o racionalismo não chega, chega a tolerância. Até porque sempre soube que seria demasiado fácil defender Cavaco Silva face aos outros candidatos.

Mais tarde tive que defender que Ribeiro e Castro não era um idiota, que as suas afirmações não eram ridículas nem preconceituosas. Defendi um ataque desferido sem argumentos, nem baseado em factos, com argumentos e factos.

Nunca em momento algum alguém se preocupou com as declarações exactas de Ribeiro e Castro. Os ataques que se fizeram, e fazem por aí fora, é ao estilo do Telejornal, com reacções a coisas que nunca foram ditas, sem análise, sem procurar contestar aquilo que EFECTIVAMENTE foi dito.

Por minha parte tentei provar três coisas:

1- Que Ribeiro e Castro não é uma idiota, o que ele afirmou está documentado por muito intelectual de renome.

2- Que o Terrorismo não é um crime sem ideologia.

3- Que o terrorismo de esquerda clássico tem ligações com o terrorismo islamita.

Quiseram ver nisso um ataque generalizado a toda a Esquerda. Ora, eu nunca o fiz, isso seria perfeitamente idiota. O que eu fiz foi argumentar para provar que as tais declarações não eram idiotas. Mas isso são coisas que colam facilmente, e que têm ainda a vantagem de não necessitar de contraditar os argumentos apresentados nem de apresentar novos argumentos: é uma discussão onde basta a indignação.

Depois aparece um post que tenho muita dificuldade em classificar.

Sou acusado de maniqueísta e não se diz onde nem porquê.

Sugere-me que decante os conceitos de terrorismo e em seguida confunde tudo o que é conceito: terrorismo, direita, esquerda, extrema direita, conservadorismo, etc.

Não sou de Direita. Sou Liberal. E até agora ainda não vi actos de terrorismo justificados pela minha ideologia. Mas mesmo que eu fosse advogado da Direita, diria o seguinte: também há grupos terroristas de Direita? Não serão muitos, mas claro que os há. E eu alguma vez disse que não havia? Isso não tem nada a ver com o que eu disse (e já agora o Ribeiro e Castro), mas já é uma maneira de fugir aos argumentos apresentados. E é uma maneira de fugir à maneira de como tudo isto começou, e que foi com a classificação de certa Direita como sendo idiota e preconceituosa.

De seguida o post confunde direita com conservadorismo, quando as forças mais conservadores no nosso país são as de Esquerda, nomeadamente o Bloco e o PCP que baseiam na Constituição para impedir qualquer mudança no nosso país. Confunde Direita com grupos nacionalistas, quando é a Esquerda que se apresenta com mais entraves à globalização. Acusa-se Ribeiro e Castro de ser condescente com assassinatos e actos de terrorismo. Associa a palavra pátria à Direita, esquecendo-se da Esquerda Republicana, que tem Manuel Alegre como ilustre representante. Associa Religião com Direita, e de repente o IRA passa a ser também de Direita, o que não deixa de ser fabuloso se nos lembrar-nos de que eu fui acusado de ser malabarista! Ficamos a saber que todo o conservadorismo, incluindo o islâmico é de Direita. Ficamos a saber que Israel é terrorista quando é governado pela Direita, quando os maiores progressos em relação à paz foram feitos por governos de Direita e quando os maiores conflitos militares e a famosa vingança dos atentatos de Munique ocorreram com governos de Esquerda. Ficamos a saber que o país que mais combate o tráfico de droga no mundo apoia grupos terroristas que por sua vez vivem do tráfico de drogas. Fico a saber que os países que mais sofrem com o terrorismo, EUA e Israel, são eles próprios Estados terroristas. E isto para quem pede que se decante conceitos é obra. Por último acusa-se novamente Ribeiro e Castro sem se ter a preocupação de saber o que ele de facto disse, importa apenas que é imbecil e que é mentira.

Talvez o mais grave não sejam as imprecisões, mas sim a confusão que se faz por quem acusa outrém de fazer confusões. De fazer generalizações por quem acusou outrém de as fazer e de responder a um post sem sequer ter em atenção o que lá foi dito. Com posts destes a discussão é impossível. Com discussões sem argumentos não vale a pena continuar. Com acusações sem fundamento muito menos: não sou maniqueísta, não confundo conceitos e não fiz as generalizações de que me acusam.
Quando um post daqueles me acusa de ter uma "visãozinha maniqueísta" desistiu de argumentar (e o pior de tudo são os diminutivos). A única decisão lógica é ir argumentar para outro lado.

Um abraço e Bom Natal.

BOAS FESTAS!














Então "interrompamos as hostilidades" que o tempo é de paz.
A quadra merece!
Bom! Não sei se "a quadra" merece, mas a humanidade e o Mundo merecem e necessitam, de certeza.
Portanto, deixemo-nos "ir na onda", no que a onda tem de bom!
Façam o favor de ser felizes, porque a felicidade nunca fez mal a ninguém!
Boas Festas para TODOS!
Que o Novo Ano nos permita ter uma sociedade melhor, um Mundo sem guerras!
Que permita recuperar a nossa esperança e a confiança, de cada um, no Mundo e na vida!

PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE!

Bom Natal!

Os moderadores deste blogue desejam um Bom Natal a todos os seus membros e leitores!

Fim Da Linha

Os ataques pessoais têm imensa piada quando são feitos por anónimos. Até penso que o número de ataques pessoais feitos nos comentários é um dos indicadores de qualidade de um blog. Mas quando esses ataques são feitos por colegas de blog deixam de ter piada. Se são feitos de forma repetida só pode haver duas explicações: ou se perderam argumentos válidos de discussão, ou não se deseja debater com a pessoa alvo dos ataques pessoais. Qualquer uma das explicações conduz-me à mesma decisão. A licença que entendi tirar até ao fim do ano torna-se definitiva.
O blog fica a ganhar.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Cavalos Políticos

Mário Soares considerou a bolsa de apostas promovida pela Betandwin - com os nomes dos candidatos presidenciais - «completamente ilegal» e afirmou que os candidatos «não são cavalos para se fazerem apostas».
Completamente de acordo. Quer dizer, quase. É que Mário Soares ofende a memória de Incitatus, cavalo que o Imperador Romano Calígula (12-41 DC) nomeou Senador. Um político cuja memória está viva há quase dois mil anos.

Resposta Ao Salvador

Resposta muito breve ao Post Da Direita Estúpida .

[já a tinha dado em forma de comentário, mas como cheguei muito atrasado, puxei-a cá para cima]

Não tenho pão para dar e muita pouca paciência para quem gosta de malabarismos. Se lhe faz bem à alma essa visãozinha maniqueísta, esteja à vontade, é tudo uma questão de conforto moral. Mas se se acha na condição de abordar seriamente esta questão faça o favor de decantar os conceitos. Não existe a Esquerda, esta denominação abarca demasiadas tendências e orientações e aqui nem todos os gatos são pardos. É óbvio que existe uma esquerda condescendente com algum terrorismo, contra essa esquerda acéfala sou o primeiro a lançar a pedra, eu que me digo de esquerda. Depois, o termo terrorismo agora cola-se a tudo e mais alguma coisa, a tal ponto que no UK já se pede cautela na sua utilização pela imprensa.
Mesmo aceitando alguns dos pontos da argumentação que vincula algum terrorismo a alguma esquerda, subsiste o desagradável incómodo que é a existência de movimentos terroristas de filiação oposta, como os inúmeros grupúsculos de extrema direita presentes na américa latina reconhecidamente financiados pelos EUA e pelo tráfico (aliás, o tráfico também financia o terrorismo de esquerda, o crime não tem ideologia) e como as operações terroristas israelitas incentivadas pela direita (aviso que sou apoiante da causa israelita mas não à custa dos palestinos).
Por cá também tivemos fenómenos, para além das FP25, que hoje em dia teriam sido imediatamente catalogados de terroristas e cuja matriz era de direita/extrema-direita e que se concretizaram em atentados às instalações de vários partidos de esquerda e até assassínio do Padre Max (uma dessas organiszações até dava pelo pomposo nome CODECO- Comando de Defesa da Civilização Ocidental, nada mau!). E o meu amigo não será condescendente com este tipo de terrorismo? Aposto que Ribeiro e Castro será...Isto são factos.
Depois existem questões que nos conduzem a situações paradoxais: o terrorismo basco, por exemplo, tem um pendor esquerdista (é à esquerda que o seu braço político se dirige), mas o seu discurso e os seus fundamentos ideológicos são muito próximos do ideário de direita e claramente conservadores (como é o caso flagrante de uma ideia arcaica de pátria que os anima). E o que dizer do terrorismo irlandês e da sua ligação ao catolicismo? E do terrorismo unionista e da sua ligação ao protestantismo? E do terrorismo islâmico? Não estamos perante movimentos tipicamente conservadores?
Por outro lado, a dinâmica de alguns desses grupos leva-os para uma lógica que nada tem de ideologia, transformado-se em meros grupos de malfeitores dedicados à extorsão, ao roubo e ao tráfico (o caso da irlanda do norte é um bom mau exemplo).
Em último caso, podemos até partir do princípio que este novo terrorismo nada deve à matriz clássica de esquerda/direita. Os especialistas na matéria não se cansam de demarcar este novo fenómeno do terrorismo dos anos 60/70 e do século XIX. Este é o meu ponto de vista. Fazer o que fez Ribeiro e Castro é mais do que uma imbecilidade, é uma imoralidade porque para além de não corresponder à verdade, constitui uma embaraçosa tentativa de ganhar visibilidade política à custa da morte de muitos inocentes. Isso envergonha-me. Mereciamos melhores políticos, a direita merecia melhores representantes.
PS: acho que o comentário do karloos diz mais sobre si próprio do que sobre a esquerda.

Imprensa (23/12/2005)

Boas Festas E Até Pró Ano

Feliz Natal



Estava convencido que também tinha publicado isto aqui. Afinal não.
Seja como for, aqui ficam reafirmados os votos de Feliz Natal. Também concordo que temos atingido, se não totalmente, quase, os objectivos. Já não nos enganamos no tipo de letra nem nos esquecemos de justificar e temos mantido o blogue activo, com ideias interessantes e saudáveis discussões democráticas, pese uma ou outra picardia. Que também é precisa! Afinal, isto não é um debate asfixiado pelas regras impostas pelo candidato que se sabe. Seja como for, aqui ficam os votos, outra vez.
Tiago Alves

Feliz Natal

Também aproveito a embalagem para desejar aos meus correligionários aqui n'O Eleito um Bom Natal e um Excelente 2006.

Discussões e polémicas à parte temos conseguido uma discussão minimamente saudável e útil num país onde começam a ser cada vez mais aqueles que não se importam ou não têm opinião.

Um forte Abraço a todos.

Até Para O Ano!


Aos colegas eleitos e a todos os eleitores e leitores desejo um Santo Natal e um Ano Novo cheio de Paz, de Felicidade e de votos!

Eles E Nós

O debate entre Mário Soares e Cavaco Silva evidenciou que ambos os candidatos representam a co-autoria do país que hoje temos e em que vivemos. Isto é, representam o passado. Aliás, só quase falaram dele. Quando deixaram de falar dele, e foi muito pouco, não se contradisseram, complementaram-se.

O sistema constitucional, o sistema político, o sistema económico são o que estes homens construíram, à vez. À sua maneira interpretam um presidencialicídio, isto é, uma supressão da função se e quando determinada pelo sufrágio directo e universal. Para isto bastava o Parlamento escolher como na Alemanha. Poupava-se no gasto (argumento simpático para Cavaco Silva) e valorizava-se o Parlamento (argumento adequado para Mário Soares).

Eles (como Soares diria), são o verso e o reverso do bloco central que difusamente tudo comanda em Portugal, da política à justiça, passando pelos negócios e pelos partidos. São os gestores da situação, que apenas divergem no prestígio das Universidades onde leccionam e na quantidade e na variedade das leituras pessoais.

Ambos são conservadores de esquerda, porque são o exemplo vivo do situacionismo estrutural do regime. Ambos, querem, defendem e fizeram muito Estado. Cavaco Silva, deste ponto de vista, é mais perigosos porque disfarça. No momento em que a despesa pública se torna conhecida, já o Estado lá está e não há nada a fazer sem dor ou conflito. Com Soares sabe-se desde o princípio com o que se conta. Vantagem da franqueza.

E neste sentido, eles (como diria Soares), não representam mais do que o passado. Por isso o seu discurso esgota-se no passado. Cavaco Silva exibindo o passado recente. Soares o mais distante, mas ainda bem presente nas nossas vidas, gabando-se do passado cronologicamente anterior ao do seu adversário. Eles são numa palavra a continuidade daquilo que toda a gente critica mas de que quase todos vivem e sobrevivem. Daí o seu aparente sucesso. Sucesso porque têm votos. Aparente porque para o país nada do que é necessário mudar com eles mudará.

Para o sistema ambos são moeda boa. Para o país ambos são má moeda. E nesta competição esterilmente rotativista se esvai uma campanha com dois actores e alguns figurantes. Cavaco Silva tenta diferenciar-se insinuando que resolve a economia. É mentira. Não pode rigorosamente nada. E a verdade é que o candidato também não quer poder. Apenas pretende que se julgue que pode. Porque julga estar aí a sua vantagem comparativa com Soares. Vantagem da imagem.

O país, esse, continua exactamente na mesma, dentro de momentos.

(publicado na edição de hoje do Semanário)

O Debate Falso

Soares e Cavaco protagonizaram o debate mais esperado da pré-campanha. Ambos foram para o debate exigindo ao outro o que ambos sabiam que nenhum podia ter: ideias. Porque a função presidencial em Portugal não exige ideias, apenas prescreve a presença e o discurso conformista.

As questões colocam-se pois no plano pessoal. Não é outra coisa que está em questão nestas eleições, como digo desde o início. Soares optou fazer de Basílio Horta de Cavaco Silva, adoptando uma atitude desdenhosa e a roçar o arrogante. Fez mal. Foi à televisão falar para Cavaco, em vez de falar para o país. Ora, Cavaco é suposto votar nele próprio e o país já não tem paciência para o estilo.

A bem dizer aquilo não era um debate. Era um duelo. E, convenhamos, antigamente, de capa e espada, os duelos tinham muito mais estilo, graça e emoção. Muita gente deve ter mudado de canal.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)

Entre A Política E A Realidade...

… Pode ir uma grande distância. As sociedades democráticas modernas estão hoje entretidas num jogo de espelhos perigoso porque, a prazo, gerador de profundas frustrações colectivas. Vejamos alguns exemplos.

José Sócrates ganhou umas eleições a prometer 150.000 empregos e um Plano Tecnológico. Quase um ano depois há menos empregos e há Plano, mas sem tecnologia.

Agora, em plena pré-campanha para a Presidência da República, o cenário repete-se. Alguém de bom senso acreditará que Cavaco Silva fará tudo o que diz? Ninguém. O candidato tem uma atenuante: não mente sobre a sua identidade. Afirma-se garbosamente de ser um social-democrata convicto e é-o. Basta ver os seus Governos e o que fizeram ao Estado, à despesa pública, ao défice. Aumentou tudo. Para quem não acredita que existe esquerda moderada, Cavaco Silva é um bom exemplo dela.

Sucede que neste momento os portugueses têm necessidade de acreditar que vem o mago dos números resolver o vazio dos bolsos. E vão votar naquilo em que querem acreditar, não naquilo que efectivamente acontecerá. E sabem, paradoxalmente, que não acontecerá. É esta espécie de distância consciente entre o que é e o que nos apetece que seja que também explica a ausência de reacção colectiva quando se desfaz a ilusão. Que muitas vezes é confundida com indiferença colectiva.

O Presidente não tem poderes para fazer metade do que Cavaco Silva proclama. Devia ter, acho eu, mas não tem. E nem quer ter. Bem pode Soares bramir a falta de leitura, Jerónimo ameaçar com insónias e Alegre prometer combate. O país está noutra.

Por isso os debates televisivos têm sido sobre o carácter dos candidatos, como diz Cavaco Silva. Na verdade, o carácter dos candidatos é a única coisa que lhes convém discutir, porque ideias de mudar o sistema a sério nenhum deles tem ou quer ter. São pais dele e os filhos não se renegam.

Essa mudança teria forçosamente de passar por uma mudança profunda da Constituição, que proíbe a reforma do Estado falido e a regeneração do sistema politico. A qual, de resto e mais uma vez, nenhum candidato defende. Vêem Belém como um palácio de reforma dourada para usufruir de altos índices de popularidade. Já tiveram incómodos que baste quando foram Primeiros-Ministros. Chega.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

Estes Não Acham Que O Terrorismo De Estado Seja De Direita III

Estes Não Acham Que O Terrorismo De Estado Seja De Direita II

Estes Não Acham Que O Terrorismo De Estado Seja De Direita

Post Da Direita Não Preconceituosa

Alemanha – Bader-Meinhoff e RAF NÃO eram de Esquerda
Colômbia - FARC NÃO são de Esquerda
El Salvador – Frente Popular de Libertação NÃO eram de Esquerda
Espanha - ETA NÃO é de Esquerda
França – Action Directe NÃO era de Esquerda
Itália – Brigadas Vermelhas NÃO eram de Esquerda
Inglaterra – IRA NÃO são de Esquerda
Líbano – Abu Nidal e Hezbollah e Jihad NÃO eram de Esquerda
Líbia - Carlos - o Chacal NÃO era de Esquerda
Peru – Sendero Luminoso NÃO era de Esquerda
Portugal – FP/25 de Abril NÃO eram de Esquerda
Nicarágua – FSLN (Sandinistas) NÃO eram de Esquerda
Palestina - OLP e Abu Nidal NÃO eram de Esquerda
Rússia – Vontade do povo (ainda na 1º metade do século XX) NÃO eram de Esquerda
Servia – Mão Negra , Gravilo Princip (ainda na 1º metade do século XX) NÃO eram de Esquerda

PS: Para o Post passar a ser verdadeiro tem que se retirar o que está a vermelho.

PS2: Não é verdade que "vale tudo", até porque ninguém acusou a Esquerda de ser terrorista. Isso nunca foi afirmado por ninguém. Embora alguns quisessem que o Ribeiro e Castro dissesse isso. Mas não disse. Mas o que não podem é escamotear a verdade. Por muito que isso possa custar.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Negócio Do Século!

Post Da Esquerda Terrorista (Eu Próprio) Ou Vale Tudo II

Vale mesmo tudo...
Os senhores são capazes de na essência, serem como a esquerda que descupabiliza Bin Laden só para poderem ter uma arma de arremesso contra toda a esquerda.
Estas afirmações e as de Ribeiro e Castro, são disparatadas, imbecis, preconceituosas e profundamente ignorantes e revelam bem o que determinada direita pretende para este país. Ou seja... nada de particularmente importante ou sério.
Alguém que me chame um táxi para estes senhores apanharem nas próximas legislativas.

Post Da Direita Estúpida (Eu Próprio)

Para alguns não é grave que a Esquerda diga que o terrorismo islâmico não é uma ameaça para o nosso país. Mas já se torna muito grave dizer que o terrorismo nasce da admiração por uma determinada ideologia. Querem fazer-nos crer que o terrorismo é um crime sem ideologia. É falso. Querem fazer-nos crer que as declarações do líder do CDS/PP são imbecis e que nascem do preconceito. É falso, essa afirmação tem muito estudo a confirmá-lo, muitos factos.
Ler os artigos do Henrique Raposo na revista Atlântico (sem link directo: procurar em Dossier / Londres sob ataque / Totalitarismo Islamita).
"Sobre esse tema, o mais importante hoje em dia, é a ligação entre o terrorismo de esquerda clássico e contemporâneo (o Terror – como arma política – começou em 1789) e o actual terrorismo islamita (não confundir com islâmico). O grande guru de bin Laden e afins – S. Qutb – adorava Lenine e afins"
"Hoje em dia, grupos terroristas islamistas treinam na Colômbia (FARC). Nos anos 70, os terroristas europeus treinavam com o terrorismo palestiniano, líbio e libanês. A ligação entre o extremismo de esquerda e o extremismo islamita (quer ideológica, quer operacional) é uma das realidades mais bem escondidas da actual agenda política e intelectual"

O Regresso Do Vilão

Estávamos no princípio da década de 90, a opinião era unânime: Portugal desenvolvia-se, convergia com os níveis europeus mais do que qualquer outro país que andava a receber os mesmos fundos europeus e a beneficiar da mesma conjuntura internacional. A opinião era unânime.
Ó da guarda, que isto unanimismos é coisa de fascismo! Ó da guarda, que o estado socialista deve é viver de crises e instabilidade! Está na constituição! Há quantos anos não se queima nada?
Soares, Portas e Cunhal trataram disso. Como um grupo de super-heróis cada um tinha o seu poder: Cunhal com as palavras mágicas "25 de Abril" movimenta os sindicatos, Portas com o abanar da sua varinha mágica Independente liberta os poderes da demagogia e Soares, o líder do gang, contra-poder em full-time, faz o resto. Com tantos poderes as forças do bem trouxeram as pessoas para a rua. As pessoas, coitadas, quais manifestantes anti-globalização a queimar os malvados dos restaurantes do Mcdonalds, cortavam estradas e pontes dias a fio, construíam muros em avenidas principais. Desde quando é que destruir propriedade privada, ou pública, deixou de ser um direito dos cidadãos? "Ele roubou-me quinhentos paus!" diziam uns, "A mim quer-me tirar 4 contos por mês para pagar os meus estudos!", o povo tremia, "Esse fascista privatizou o meu banco e agora obrigam-me a trabalhar 7 horas por dia!", "É feio e tem um sotaque horrível", diziam outros. O vilão Cavaco já em desespero dizia "Deixem-me fazer mal, deixem-me fazer mal". Os polícias, soldados do mauzão Cavaco, atacavam sem dó nem piedade, faziam pontaria à espinha dorsal das pobres pessoas com as suas balas de borracha e jactos de água. O trio fantástico ganhou!
Entretanto vieram outros mauzões, porque tem que haver sempre um, que fizeram bem pior e arrastaram o povo para a fome mas mau mesmo foi aquele malvado do Cavaco. O povo sente saudades de Cavaco. Imbecil este povo.
Os saudosos da luta e da agitação vibram com o regresso de Cavaco. O que seria de Super-Homem sem o seu Lex Luthor? O que seria do Batman sem o seu Jocker? O último dos sobreviventes do trio fantástico colocou-se logo na frente de combate. Como os vilões são sempre grandes, o Super-Mário tem de aplicar golpes baixos. Receio que desta vez não seja possível vencer. Bêm aí os facistaz!!!!

Jogo Oficial De Mário Soares

Imprensa (22/12/2005)

As Perguntas Sem Resposta II

Karloos, as perguntas continuam sem resposta.

Como certamente terá verificado eu não falei nas políticas do Professor (pelo menos nesse texto que refere) mas sim nas bastonadas que essas classes sociais levaram sob a governação de Cavaco.

Dirá que as políticas se mantiveram e em alguns casos foram agravadas para os que anteriormente foram bastonados, mas isso leva-me a uma conclusão bem mais gravosa.

Leva-me a concluir que a abordagem à contestação social obedece a estilos diferentes. E no tempo do Professor o estilo que eu critiquei atempadamente, continuo a criticar e cuja memória não me permite esquecer, era o estilo escada abaixo de bastão em punho e aviar todos os que estiverem pelo caminho.

Este país precisa muito de políticos que tenham a coragem de tomar as medidas necessárias ao benefício de todos, porque é essa a função do Estado.

Mas não quero, não preciso e não desejo carrascos.

Respostas Para As Perguntas Sem Resposta

Escreve José Raposo uns posts abaixo:

"(...)O professor apresenta-se limpo de um passado com contestação social e até pode citar Jacques Delors em como os 10 anos da sua governação foram um "Oásis" ou uma "Califórnia", o problema é que Jacques Delors nunca viveu em Portugal e não foi um dos estudantes, agricultores, policias ou simplesmente cidadãos comuns que sentiram nas suas costas as bastonadas em nome da manutenção da ordem do Estado de Direito.(...)"

Nos seus últimos anos de governo, Cavaco foi alvo de muitas manifestações violentas. Houve o buzinão, as manifestações dos estudantes contra as PGA e as propinas, a favor de um sindicato policial ou contra a redução de subsídios à agricultura. A oposição beneficiou disso e chegou ao poder. Todos os governos que lhe seguiram tiveram hipóteses de inverter qualquer uma das suas politícas, no entanto:
- A portagem na ponte 25 de Abril manteve-se, se não estou enganado até já terá aumentado mais do que uma vez.
- Os estudantes do secundário deixaram de ter a Prova Global de Acesso mas passaram a ter de fazer exames nacionais, pelo menos às disciplinas específicas do curso que pretenderem seguir.
- Os estudantes universitários pagam hoje três vezes mais propinas do que pagavam quando Cavaco saiu.
- A agricultura practicamente não existe. Os poucos agricultores que existem continuam a dar-se ao ridículo de pedir subsídios seja qual fôr o resultado das colheitas.
Apesar de tudo continuar igual, ou pior, para aqueles que se manifestavam, as manifestações pararam. Os irmão Pinto que organizaram o buzinão na ponte foram condenados a 15 anos de prisão por trâfico de droga estando portanto perdoados por não continuarem a sua luta. E os outros? Onde estão os outros? Será que se convenceram que afinal as decisões de Cavaco Silva eram boas?
Pois é meu caro José Raposo, todas as políticas ditas de direita de Cavaco foram continuadas pelos governos seguintes ou até acentuadas.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

A Pré Campanha

Está quase a acabar.
A seguir é a campanha.
Depois as eleições (e toda a gente sabe quem vai ganhar).
A seguir? Mais sete anos de Quadro Comunitário de Apoio, com 10% de retenção na fonte, a bem da indigência nativa.
Haja paciência.

Reacções IV










.




Joana Amaral Dias, no Bicho Carpinteiro

Reacções III

(...) É quando Soares, depois de atazanar o juízo do pobre Cavaco (e de todos os portugueses que assistiam à conversa) com o seu estilo rasteiro e as suas menções a palermices como “os oceanos” ou a “cidadania global” (Cavaco até gargalhou comigo neste ponto), lá lançou o “eu sei o que me diziam os meus amigos na Europa”. Nessa altura, o ecrã está dividido e vê-se Cavaco claramente a conter-se. Não a conter-se para responder à letra. Mas conter-se para não se levantar da cadeira, agarrar nos colarinhos do outro e ameaçá-lo com uma pêra bem enfiada. Como Dirty Harry: “you’ve got to ask yourself one question: do I feel lucky? Well, do you, punk? Go ahead, make my day”.


Luciano Amaral, no Acidental

Reacções II

Acabei de ver o debate e nunca pensei que Soares pudesse descer tão baixo. A má-criação, a condescendência, a pose relaxada do rei da barriga, a mentira, a calúnia, a deturpação, a arrogânica, tudo não teve limites. Cavaco deve ter tomado uma caixa inteira de ansiolíticos para se controlar e não se atirar fisicamente a ele. Será que alguém imagina que uma pessoa que se comporta daquela forma merece e pode ser Presidente da República? Como é que os directores do Público e do DN têm o descaramento de achar que Soares ganhou "tacticamente"? Mas não é óbvio que aquilo que ele fez é duma nojice, dum grau zero de respeito, duma filha-da-putice-política sem limites?(...)
A má-criação do tratamento por "ele". Que depois passa aleatoriamente para "Doutor Cavaco", "Professor Cavaco", como quem "eu trato esse tipo que está aí como bem me apetecer". Soares que, do alto da sua licenciatura com uma média desprezível, fala de si próprio como "professor", por ter dado umas quantas aulas na universidade. Querendo-se por ao mesmo nível que Cavaco, professor catedrático, que dá aulas há anos e anos. Soares que trata Cavaco por "economista razoável", dizendo que não tem problemas em fazer "esse elogio". Cavaco resiste. Os ataques ad hominem não param. Que Cavaco "não tem conversa", que em qualquer situação social não sabe falar senão de economia.(...)
A partir de hoje, declaro que perco qualquer respeito pessoal por quem considere votar Soares depois de ter visto este debate. Perco também qualquer respeito intelectual por quem ache que Soares possa ter ganho o debate. A partir de hoje, passo de secundário a primário. Não sou - nunca fui - cavaquista. Mas por força do contexto, tenho de ser apoiante incondicional de Cavaco face à ameaça que os outros candidatos representam. Só espero que Soares não apareça à minha frente nos próximos dias, que não sei se me controlo.


Tiago Mendes, no Aforismos e Afins

Reacções

Um soarista cabisbaixo
Sempre admirei Soares e jamais coloquei a hipótese de votar Cavaco, mas o debate de ontem dissipou todas as minhas ilusões. A prestação do antigo presidente foi de uma deselegância e má-criação indescritíveis. Um nojo. Ainda bem que o consulado português em Londres torna o voto impossível, caso contrario seria obrigado a praticar um acto de auto-mutilação.

João Galamba, no Metablog

Pergunta

Do que leio e me contam ocorre-me perguntar se Mário Soares terá feito ontem de Basílio Horta de Cavaco Silva...

Imprensa (21/12/2005)

Fernando Rosas

Já que os comentários "sérios" ao debate estão todos feitos por essa blogoesfera fora, cabe-me relembrar duas intervenções no debate que se seguiu, na RTP (o tal que não teve ninguém a representar o dr. Alegre):
"Eu toco piano e falo francês e ele não!"
Fernando Rosas, caracterizando a estratégia de Soares para o debate.
"O PR não é governante mas deve acompanhar o Governo. O PR pode vetar diplomas! Tem por isso de ter opiniões sobre as grandes estratégias e nós devemos saber quais são!"
Fernando Rosas, respondendo às afirmações de António José Seguro sobre a confusão entre PR/PM de Cavaco.
Tiago Alves

Breaking News

Na linha do "eu é que dissolvi a Assembleia e dei a maioria absoluta ao prof. Cavaco" sabemos também agora que foi Soares (e não os mais de 50% do eleitorado que votou PSD) que garantiu a estabilidade governativa entre 1987 e 1995.

Tiago Alves

Momentos Altos

"Posso continuar?"
Cavaco Silva, a meio duma resposta, interrompido por Mário Soares"
Posso continuar? Posso Continuar?"
Cavaco Silva, a meio duma resposta, interrompido por Mário Soares.


Tiago Alves

As Perguntas Sem Resposta

Sou forçado a reconhecer que o debate foi pobre em projectos e ideias para o futuro, aliás pobre talvez seja uma forma simpática de colocar a questão. Soares não teve ideias e é pena que alguns venham a dizer ao longo dos próximos dias que pelo contrário Cavaco está carregadinho de ideias e foi o mauzão do Soares que não o deixou falar. De qualquer forma, reconhecer "cooperação estratégica" e "um forte apelo ao consenso" como ideias, requer de mim uma capacidade que perdi algures entre a extrapolação dos poderes presidenciais e o papel determinante da economia para exercer um cargo exclusivamente político.

Portugal precisa mesmo de um presidente como o Cavaco, aliás merece-o. Está-nos nos genes este interesse pelas figuras deliberadamente misteriosas ou distantes. Está-nos no sangue a necessidade de termos alguém que se proponha a proteger-nos em contraposição às nossas vidas cinzentas e problemáticas. Precisamos todos como do pão para a boca de depositar em alguém a cada vez mais complexa tarefa de pensarmos por nós próprios.

Soares cumpriu o seu papel neste debate, não deixar que Cavaco faça um passeio na avenida... atacou-o como se esperava, explorou as suas incoerências, apontou os inúmeros cinzentos políticos do pensamento económico preto e branco do Professor. Este defendeu-se bem e não se deixou ir ao tapete.

O professor já está curado do torcicolo, já responde a provocações mas insiste em remeter para as suas "escrituras" se porventura tivermos o interesse em conhecer a profundidade do seu pensamento (a)político.

Soares provou com este debate que a história do candidato passado do prazo, velho e decrépito tem de ser definitivamente arrumada, independentemente de se gostar ou não do que ele tem para dizer. O problema de Soares é a sua estratégia...

A estratégia de Soares empurra Cavaco para um lugar com o qual todos os portugueses se conseguem rever, pela mesma razão que o Zé Maria se tornou um herói em Barrancos. A estratégia de Soares permite a Cavaco estar em sintonia com os filhos que sofrem do amargurado povo Português, ao mesmo tempo que atribuem a Soares uma determinada sobranceria e arrogância com a qual os portugueses lidam mal porque não sabem como se lhe opor.

Nada a dizer sobre a pretensão de Cavaco em liderar consensos em matéria económica. O problema é que os portugueses se preparam para comprar gato por lebre. O professor apresenta-se limpo de um passado com contestação social e até pode citar Jacques Delors em como os 10 anos da sua governação foram um "Oásis" ou uma "Califórnia", o problema é que Jacques Delors nunca viveu em Portugal e não foi um dos estudantes, agricultores, policias ou simplesmente cidadãos comuns que sentiram nas suas costas as bastonadas em nome da manutenção da ordem do Estado de Direito.

O problema de Cavaco não é pretender motivar as classes sociais para os consensos. O problema do Professor é não se conhecer a sua interpretação sobre os Direitos, Liberdades e Garantias que terá de garantir e fiscalizar como Presidente. O problema é não sabermos o que o Professor pensa sobre a "subordinação do poder económico ao poder politico" presente na constituição e se o professor considera ou não que os Direitos e Deveres Sociais são uma obrigação do estado em si mesmos ou uma consequência do desenvolvimento económico.

Acabam aqui os debates e ficam irremediavelmente muitas perguntas no ar em relação a todos os candidatos. Nesta altura não sei bem se elas vão ser respondidas, ou se porventura é objectivo dos candidatos respondê-las.


A unica certeza que tenho neste momento é que os portugueses não devem e não podem ficar em casa no dia 22, porque já é tempo de não permitirmos que outros decidam por nós.

Malditos Debates Em Segunda Mão ...

Quem é o Paulo Rangel ?

Eu?

Diz-me a Isabela que eu deveria votar em branco ou abster-me. Ó Isabela, eu?!? Eu tenho um candidato com ideias, com perfil e inteligência. Aqueles que apoiam candidatos demagógicos (Louçã), que defendem regimes ditatoriais responsáveis pela morte de 20 milhões de inocentes (Louçã e Jerónimo), que são paspalhos sem ideias para o país (Alegre) ou que são uns baixos habituados a fazer política rasteira (Soares), esses sim deviam pensar bem o seu voto. Agora, eu??
Eu acredito num homem que passou o maior crash bolsista da história portuguesa, uma guerra do golfo e uma crise financeira internacional e, mesmo assim, fez toda a gente acreditar, até hoje, que eram tempos de vacas gordas. Eu acredito num homem que só foi abatido pela conjugação de forças Cunhal-Soares-Portas, provavelmente as 3 pessoas que pior fizeram à política portuguesa desde o 25/9. Eu tenho um candidato de qualidade. Agora vocês, na vossa cegueira de derrotar Cavaco dê por onde der, é que ainda não se aperceberam da qualidade dos candidatos que apoiam.

Vergonha Na Cara

A história da raposa velha, do monstro político, do instinto de Mário Soares resume-se a isto : Falta de vergonha na cara !

É costume dizer que quem não tem vergonha na cara, o mundo é seu, e é bem verdade. Não tendo dos moderadores o mínimo de contraditório e sabendo que Cavaco não iria entrar em conflito, Soares estava a jogar em casa. Podia dizer o que quisesse, como quisesse e quando quisesse.

Apenas dois exemplos.
Depois de falar e falar e falar no passado, Mário Soares ao primeiro comentário de Cavaco sobre o passado (UGT) afirma que já chega de falar no passado, e acto contínuo, recomeça a falar do passado. Como se nada fosse.
Mais à frente, Soares insinua que Cavaco é mal visto nos meios europeus porque “haviam de ver o que me dizem a mim depois”. Mas não diz o quê, porque não quer ser deselegante ! Como se nada fosse.

Mas a melhor da noite foi depois do debate, no flash interview. Soares acusou Cavaco de só querer falar no passado. Repito : Soares acusou Cavaco de só querer falar no passado. Quem viu o debate, deve ter pensado o mesmo que eu : É preciso não ter um pingo de vergonha na cara !

E não tem.

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