Sábado foi publicado no Expresso, um artigo de opinião assinado por Maria Helena Correa (sem i), membro da “Comissão de honra da candidatura de Mário Soares”, com o título de “Alegre, ou as voltas que um político dá...”. Todo o artigo de opinião é um chorrilho de inverdades e após o ler por completo, uma dúvida me ficou. Ou Maria Helena Correa (sem i) não lê jornais ou vê os telejornais há mais de 5 anos, ou dedilha neste artigo, a velha prática jacobina de reescrita da história.
O artigo está cheio de prosas deste estilo:
“É ESPANTOSO que […] Manuel Alegre diga e desdiga […] as palavras que disse sobre se era ou não candidato à presidência […]”
“Recordo muito bem, tê-lo ouvido numa noite, lá para os lados de Viseu, dizer que sim, mas que não […]"
Acho ESPANTOSO que Maria Helena Correa (sem i) se recorde tão bem das hesitações de Alegre, mas que sofra de amnésia total perante o anúncio, com pompa e circunstância ainda não fez um ano, da passagem à reforma do agora candidato a presidente, de que é apoiante.
Pergunta ainda Maria Helena Correa (sem i).
“Que leva Manuel Alegre a estar contra o seu amigo Mário Soares?”
Não quero ser moralista, mas ser amigo é avisar antecipadamente este, que está interessado a candidatar-se ao mesmo lugar e não fazê-lo por interpostas pessoas ou pelos meios de comunicação social, fazendo de conta que o amigo nunca existiu.
A certa altura, porém, a escrita de Maria Helena Correa (sem i) fugiu-lhe para a verdade ao escrever que:
[…] o candidato escolhido pelo seu próprio partido, Mário Soares.[…]
A candidatura de Mário Soares não é, ao contrário do agora apregoado, uma iniciativa independente do Partido, pois tal como o mesmo disse na cerimónia de apresentação da candidatura, “Só avancei quando soube que o meu partido me apoiava”.
Apesar de todos os candidatos apregoarem que as suas candidaturas são 100 % independentes dos partidos, nesta corrida apenas Alegre o é. Mesmo Cavaco Silva, também o pode, em certa medida, afirmar a sua independência, mas no seu caso isso deve-se unicamente ao estado de orfandade em que deixou o PSD.
Maria Helena Correa (sem i), termina o seu texto com palavras verdadeiramente execráveis sobre Manuel Alegre:
[…] Lamentável esta queda do Poeta. Lamentável, e, afinal, previsível, ou não. Lamentável este fim de carreira, porque vaticino com esta forma de conduta um final com uma história sem história […]
Cara Maria Helena Correa (sem
i), o poeta não vai cair, pois o Poeta só agora se levantou e com a sua decisão deixou o buraco de
Vate oficial do regime e passou a ser um poeta de Portugal. A sua postura e a sua pose de cavaleiro, não a pose de D. Quixote, cavaleiro da triste figura, mas o paladino da decência, da honra e da amizade, que ao cortar as grilhetas que o amarravam ao anquiloso PS faz com que hoje em dia seja mais respeitado, à esquerda e à direita, que alguma vez o foi. Manuel Alegre passou a ser de todos, evitando desta maneira o triste destino de José Afonso, para sempre agrilhoado nas masmorras dos amanhãs que cantam.Espero que no próxima dia 9 de Janeiro, as ultimas palavras de Maria Helena Correa (sem
i) se apliquem ao candidato que diz ser apoiante, Mário Soares, que com apoiantes deste calibre dispensa qualquer adversário.
Publicado também em "
Nova Floresta"